A “Caminhada pela Vida” é pela vida

No próximo dia 18 de Março, realizar-se-á, em todos as capitais de distrito, a famosa Caminhada pela Vida.

Talvez o nome seja famoso, mas certamente não o conteúdo. Mesmo em várias divulgações, podemos ouvir que se trata de uma manifestação, não “pela vida”, mas “contra o aborto e a eutanásia”. Mas essa não é a verdade: não é esse o nome da manifestação e não é essa a sua mensagem.

Em primeiro lugar, a Caminhada procura alertar para a necessidade de defender a vida, não apenas no seu início e no seu fim, mas durante toda a sua duração. Isso, sem sombra de dúvida, inclui a gestação e a velhice, mas passa também pela boa educação das crianças, pela coesão familiar, pela dignidade das condições de trabalho, etc.

Em segundo lugar, a ênfase, caso fosse colocada no “contra”, estaria fora de sítio. Para falar com um mundo surdo e emburrecido, não basta levantar a voz e balbuciar umas palavras de protesto: é necessário, e bem necessário, falar calma e coerentemente. Ora, quem defende a vida não é, primariamente, contra coisa nenhuma, porque a vida não é a negação de coisa alguma. A vida é a vida, e é em favor desta que nós nos manifestamos. Dia 18 de Março, saímos à rua porque a vida vale a pena viver, porque a vida tem valor em si mesmo. Enquanto permitirmos que a ênfase se coloque num aspecto negativo, nunca poderemos transmitir aquilo que defendemos: a vida é um valor positivo. Por outras palavras, colocar a questão em termos de “aborto e eutanásia” é já conceder demasiado ao estado da nossa sociedade. Dizer “eu sou contra o aborto e a eutanásia” significa dizer “o aborto e a eutanásia são alternativas dignas de consideração e, tendo-as considerado, não me parecem a melhor opção”. Isso seria compactuar com o holocausto em que vivemos.

Dito isto, é preciso ter em conta que quem se junta para caminhar pela vida não é ignorante: sabe o que é o aborto, sabe o que é a eutanásia e sabe que estão entre os maiores inimigos da vida na nossa sociedade. Por isso, no terreno prático, teremos de nos opor a certas leis, a certos costumes, a certas mentalidades. Mas, como dizia G. K. Chesterton, o soldado não combate por ódio ao que tem diante de si, mas por amor ao que tem por detrás.

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