No passado dia 17 de agosto, o Núcleo Amador de Investigação Arqueológica de Afife (NAIAA) desenvolveu uma ação de limpeza de um despejo de detritos feito na Estação Arqueológica das Gravuras Rupestres da Matança, em Afife.
Os associados do NAIAA detetaram um despejo de considerável quantidade de detritos que cobria parcialmente as gravuras rupestres, que se encontram perto da estrada, impedia o acesso dos visitantes e punha em causa as mesmas. Constava de grande quantidade de resíduos verdes de jardim, plástico, troncos de árvores e arbustos, saibro e cascalho, possivelmente resultado de várias descargas no mesmo local.
Na sequência do contacto e em articulação com o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Viana do Castelo (CMVC), o NAIAA desencadeou a ação de limpeza com os objetivos de salvaguardar as gravuras, impedir a sua degradação e desencorajar novos despejo, vários voluntários trabalharam durante toda a manhã. Foram feitos vários carregamentos de detritos que foram despejados em local adequado, em articulação com a junta de Freguesia de Afife, e os resíduos recicláveis foram encaminhados para a reciclagem.
O NAIAA já contactou a CMCV no sentido de ser recolocada a sinalização da Estação Arqueológica com brevidade, bem como adicional sinalização dissuasora relativa a despejos de entulho, aguardando-se as ações por parte das entidades competente,
As Gravuras Rupestres da Matança, que tomam o nome do local onde se situam, perto da Cividade de Afife-Âncora, foram descobertas em 2006. Constam de 3 painéis com gravuras pré-históricas realizadas, provavelmente no período Neolítico (7000 a.C. — 2500 a.C.) num afloramento granítico elevado em relação ao solo. Estilisticamente, enquadram-se na Arte Atlântica Clássica do Noroeste Ibérico. Podem observar-se várias composições circulares complexas, círculos concêntricos e um quadrúpede com pescoço alto e orelhas ou hastes pronunciadas que poderá representar um cavalo ou um cervo.
Estas gravuras são particularmente relevantes porque mostram que a ocupação humana nas imediações da Cividade antecede muito o período Castrejo, relacionando-se com outras das várias estações arqueológicas de Afife, como as da vizinha e singular Mamoa da
Os despejos de detritos são ações puníveis por lei e reprováveis em qualquer contexto, assumindo particular perigo quando põe em causa estações arqueológicas, como foi o caso. A estação arqueológica em questão já foi afetada várias vezes por ações criminosas deste tipo.
Estas situações são potenciadas pelo abandono generalizado a que está votada grande parte do património arqueológico de Afife que, apesar de vasto e extremamente relevante, continua à espera do devido investimento pelas entidades competentes.
1 comentário
Ui, que “grande” limpeza! Por aquilo que se vê na foto “onde” estão vários seres, nota-se à distancia que a limpeza foi extraordinária!
E o local “esse” ficou deveras limpinho, pois até a água sobrou, e ficou “num charco” na via!
Os ramos pequenos ficaram, os grossos foram para a lareira!