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Acha que sabe tudo sobre o azevinho? Descubra aqui a importância deste arbusto tão Natalício!

O Azevinho (Ilex aquifolium) é sem dúvida um dos ornamentos mais apreciados e decorativos usados nesta época. Brotando das verdes folhas espinhosas, as bagas vermelhas criam o contraste ideal para o efeito natalício. Mas será que conhecemos assim tão bem este arbusto? O que originou o seu uso pelo natal? Qual a sua importância no ecossistema? Fique a conhecer um pouco mais!

Num contexto biológico, este arbusto pertence à família das plantas Aquifoliáceas, em que uma das suas principais características é, precisamente, o fruto em forma de bagas, de diferentes tonalidades. Além disso, são também plantas dioicas, ou seja, os sexos das plantas são separados em indivíduos diferentes, em que uma planta terá flor com gâmetas femininos (Gineceu) e outra terá flor com gâmetas masculinos (Androceu).

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Dentro desta família existe um único género, Ilex, onde estão inseridas mais de 600 espécies, em que a mais representativa é o azevinho e as diferentes variedades.

A floração surge entre abril, junho e por volta de outubro começam a surgir os frutos, ou neste caso, bagas. Estas irão ser desenvolvidas após a polinização, em que o pólen libertado pelos estames, irá cair sobre o estigma da flor feminina, descendo até aos ovários*. Daí iram-se desenvolver as bagas, tornando-se assim simples distinguir o arbusto fêmea (possui as bagas) e o arbusto macho (sem bagas). Facto curioso: as bagas são tóxicas! Contém saponinas que podem originar situações de diarreias ou vómitos. Considera-se, portanto, como de baixo grau de toxicidade.

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Quanto ao habitat, prefere locais húmidos e por isso pode ser encontrado em regiões montanhosas, em zonas de carvalhais, normalmente em encostas sombrias com proximidade a linhas de água. Não é muito exigente no tipo de solo, tolerando bem situações de poluição, ventos marítimos e geadas (baixas temperaturas). O seu crescimento é lento, podendo atingir até 20m, mas normalmente fica-se entre os 4 e 10m, em altitudes máximas de 1500m.

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Nos ecossistemas onde estiver inserido, é um atrativo para a vida selvagem. Abelhas, pássaros, e outros animais, servem-se das suas bagas para obter um rico alimento na época invernal. Embora tóxicas pela presença das saponinas, este não é mais que um composto rico em carboidratos, útil como fonte energética. O tronco do azevinho pode ainda servir de alimento aos coelhos, enquanto arbusto jovem, pois com o passar do tempo, a casca torna-se dura e rugosa.

Quanto à tradição do seu uso como típico elemento natalício, esta remonta para tempos antigos, ainda na época das civilizações pagãs (pré-cristãs). O azevinho era utilizado nesse tempo como espanta espíritos e espanta bruxas, passando a ser considerada por isso mesmo, com uma planta sagrada.

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Já no tempo dos Romanos, o azevinho era também utilizado durante a “Saturnalia”, uma festividade pagã celebrada por volta do dia 25 de dezembro, que estará associada à origem do Natal. Nesse tempo era também associado como fonte de saúde, proteção, felicidade e paz.

Retrato do festival romano “Saturnalia” em honra, ao deus Saturno. As festividades iniciavam-se no dia 17 de dezembro, com grandes banquetes, e durava uma semana, terminando no dia 25 de dezembro. Neste retrato é possível ver retratado o azevinho no canto inferior direito. 

Inserido na história cristã, reza a lenda que o azevinho terá sido uma das plantas que ajudou a esconder Jesus Cristo dos Soldados de Herodes, quando estes perseguiam a Sagrada Família. Nossa Senhora, agradecia pela proteção da planta, abençoou-a e concedeu-lhe o dom de conservar o verde das folhas durante muito tempo, mesmo nos meses mais frios. Ao mesmo tempo, as folhas espinhosas e as bagas vermelhas, fazem lembrar aos cristãos, o sangue derramado por Cristo com a coroação de espinhos.

Estas imagens retratam tradições e lendas associadas ao azevinho. Em cima refere a lenda dos irmãos gêmeos, o Rei Carvalho e o Rei Azevinho. Em baixo surge representado numa tradição escocesa. No lado direito surge representado como uma planta sagrada. 

Deste modo, o azevinho foi-se tornando numa planta com simbolismo protetor e eterno, levando as pessoas a querer plantá-la nos seus jardins e quintais, como ornamento, ou fazendo até o efeito das sebes. Por essa razão, a sua procura tornou-se tão elevada, que levou quase à extinção da mesma. Atualmente é uma espécie protegida por lei (Decreto lei nº 423/1989, de 4 de dezembro), sendo proibida a sua colheita, transporte e comercialização em Portugal continental. 

Distribuição do azevinho ao longo de Portugal, planta autótctone do nosso país, encontrada principalmente no norte, precisamente onde se encontram as maiores áreas de carvalhal.

A boa notícia, é que este arbusto pode ser semeado através das sementes contidas nas bagas, ou através de estacaria. No entanto, ambos os processos requerem tempo, paciência e cuidados de modo a garantir a sobrevivência da planta, em suma do seu lento crescimento.

Esperemos que o Minho Digital o tenha elucidado sobre esta planta tão particular, desejando-lhe assim, um ótimo natal!

*https://www.google.pt/search?q=poliniza%C3%A7%C3%A3o+gif&biw=1280&bih=670&tbm=isch&source=lnms&sa=X&ved=0ahUKEwjVuPaJhYjRAhUHVRoKHaCvCN4Q_AUICCgB&dpr=1#imgrc=vB5v0O3tQa9-jM%3A 

Sitografia:

  • http://www.icnf.pt/portal/icnf/faqs/ordenamento-e-gestao/azev/q-e-azev
  • http://dept.ca.uky.edu/PLS320/Lecture9Aquifoliaceae1-SH.pdf
  • http://www.florestar.net/azevinho/azevinho.html
  • http://flora-on.pt/#/1ilex+aquafolium
  • http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/08_106_01%20Ilex.pdf
  • http://www.dulcerodrigues.info/natal/pt/lendas_azevinho_pt.html
  • http://omeujardim.com/artigos/tudo-sobre-azevinho-arbusto-natal
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