Editorial

A admirável nova China
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Joaquim Letria

Joaquim Letria

Professor Universitário

Devem ter reparado no meu mutismo quanto ao  COVID 19 . Pela primeira vez escrevo o nome do maldito vírus. Não foi por acaso. Haja por onde a gente possa pensar noutras coisas e, se estas não puderem ser alegres, pelo menos que sejam sérias e respeitadoras das vítimas, dos que sofrem e de todos aqueles que se sacrificam no combate a esta peste.

No entanto, vou olhar o assunto por outro ângulo que ainda não vi ser utilizado para falar da peçonha. Mas estou em crer que, ainda que silenciosos, milhões viram a imagem de que vos vou falar e do seu significado ao qual ninguém pode escapar.

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Todos devemos ter visto nos noticiários das televisões aviões de passageiros chineses a aterrarem nos aeroportos encerrados de Fiumicino e Malpensa, respectivamente em Roma e Milão. E todos vimos, certamente, as centenas de chineses já equipados para o que sabiam ir encontrar em Itália. Um locutor explicou-nos que os aviões transportavam 9 médicos, virologistas e pneumologistas, e dezenas de enfermeiras, enfermeiros e técnicos de saúde que iam ajudar as autoridades italianas a combater a grave infecção que toda a Itália enfrenta.

O que os editores daqueles telejornais não disseram é que aqueles aviões transportavam ainda, além de toneladas de medicamentos, mil ventiladores, essenciais à sobrevivência das vítimas das graves crises respiratórias. Também a cidade do Porto pediu ajuda de material clínico a Macau enquanto o Governo português negociava com os grupos Mello (Hospitais da Cuf) e grupo Luz, dirigido ainda pelo que resta do  desaparecido Espírito Santo e hoje da Fidelidade.

O modo como a China conteve o violento surto que irrompeu pelo mundo a partir de Huan e de outros pontos da China é simplesmente notável, assim como as regiões especiais de Hong Kong e Macau, com raros casos, demonstram a eficácia e competência da medicina chinesa, bem como o rigor das decisões políticas que impuseram todas as disposições de saúde pública que lograram um esforço tão bem sucedido.

Conheço bem a China, na sua vastidão, em resultado de onze extensas visitas que fiz ao seu território ao longo de 50 anos. Vi desde a China de Mao Tse Tung até aos dias de hoje, incluindo a grande transição de Deng XiaoPing duma “nação dois sistemas” que possibilitou o incrível progresso e modernidade que hoje temos de reconhecer a esta extraordinária nação de 1400 milhões de habitantes. Cruzei-me com chineses em África e noutros Países do Oriente, vendo-os ajudar na agricultura e construindo o desenvolvimento possível. Jamais vi um chinês armado fora da China e os militares que vi na China entretinham-se com paradas e honras militares com que mantêm a imagem, a pompa e a circunstância da disciplina do regime.

A Itália, hoje já cheia de médicos chineses, é o princípio dum novo Mundo reconhecido a uma superpotência, quando até aqui não estávamos habituados a ver nenhuma com esta imagem positiva. Mau grado ter sido de lá que o COVID19 saíu para nos atacar, devemos estar agradecidos à República Popular da China, a esta admirável nova China, pela sua vontade, competência e capacidade em ajudar todos nós.

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