Editorial

ADOLFO MESQUITA NUNES, UMA SENHORA DO TITANIC
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Professor

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Adolfo Mesquita Nunes desfiliou-se esta semana do partido em que militava há 25 anos.
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Todos sabemos que o CDS está a afundar-se como aconteceu ao Titanic e o desfecho será igual a este barco.
Estámos, por isso, todos nós, condenados a só ver o CDS, mais dia menos dia, na RTP Memória.

Acontece que Mesquita Nunes já não se identificava com este partido político. Um partido que, segundo ele, deixou de ser plural e sobretudo deixou de ser um partido que valoriza a liberdade ou ‘as liberdades” como o próprio refere.
E, Mesquita Nunes, entre ter que escolher o CDS ou a liberdade, escolheu a liberdade.
Até aqui tudo bem.
Algum romantismo até.
Apesar de não perceber muito bem a que liberdades se refere, quando se pode aceitar dentro do partido um homossexual desde que não o assuma e até defenda publicamente ser contra alguns dos direitos dos homossexuais.
Tudo talvez em nome de uma direita cristã.
Só que isso, Mesquita Nunes, não se chama “liberdade”, chama-se sim “hipocrisia”.

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Também fiquei sem perceber o elogio a Paulo Portas. Para quem fez uma birra de menino mimado para ser Vice-Primeiro-Ministro, o que custou milhões em juros da dívida pública aos portugueses ou para quem pôs fim a tudo por onde passou como o Independente ou a Moderna e quem sabe um não assumido, só pode ser uma ironia.
Uma coisa concordo com Paulo Portas é que a  disputa  interna no CDS mais parece as eleições de uma associação de estudantes.

O problema é que quem está no CDS há 25 anos tendo Mesquita Nunes 43 anos é o mesmo que dizer que o CDS e Mesquita Nunes são praticamente da mesma família.
Assim sendo, Mesquita Nunes abandonou o seu familiar CDS quando este está em estado de coma.
Agora, já não me parece bem e lá se foi o romantismo da coisa por água abaixo.

O capitão do Titanic não abandonou o barco quando ele se estava a afundar e ficou para a história por isso.
Se o tivesse feito, e podia, hoje seria o vilão da história.

Mesquita Nunes devia ter ficado até ao fim.
O CDS como todos sabemos está partido em pedaços e dificilmente não se afundará já nas próximas eleições.
O partido do táxi se não desaparecer, ficará na melhor das hipóteses a ser o partido da trotinete. Mas, o mais certo é mesmo afundar-se.

Mesquita Nunes, para mim um dos melhores políticos da sua geração, deu um tiro no pé.
E deu, porque mesmo o CDS se afundando, Mesquita Nunes podia, do ponto de vista da ética e da moral, vir a ser recordado como o capitão do Titanic. Recordado como alguém que deu o corpo às balas e ficou até ao fim.
E isso, em política conta.
Mesquita Nunes reaparceria como alguém que apesar das dificuldades, não desistiu e lutou pelo seu partido até ao fim.

Mas não.
Adolfo Mesquita Nunes, que tem ambições óbvias e legítimas do ponto de vista político fez o que não devia. Abandonou o seu quase  ente querido em coma. Ou melhor e mantendo a analogia, não deu a mão ao seu amigo de longa data exactamente quando ele se está a afogar.
Quis saltar para fora do barco com o receio de se afundar com ele.

Um erro, a meu ver. No Titanic, as mulheres e as crianças foram os primeiros a sair do barco. Mesquita Nunes, quis saltar para um bote salva-vidas, neste caso alterando as prioridades.
Sendo que aqui a prioridade foi Adolfo Mesquita Nunes salvar a sua própria pele,
com a mira apontada para um futuro na política.

Um futuro que se complicou porque ninguém se lembra das senhoras do Titanic já do capitão do navio ninguém esquece.

E, em política, a chave para um futuro risonho é não ter um cadastro de cobardia no passado.

Adolfo Mesquita Nunes saltou primeiro como as senhoras do Titanic.
Com a diferença de ter saltado para um bote muito pequeno e quem sabe também afundável!

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