Editorial

AGENDAS E O CASO DA CAIXA
Joaquim Letria

Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Professor Universitário

Os temas que vão preenchendo as nossas vidas e dos quais falamos no dia a dia, e discutimos uns com os outros, saem quase sempre dos mesmos sítios, normalmente de onde querem que a gente não pense e não fale de outras coisas.

Os políticos têm especialistas que marcam as agendas. E são essas agendas que dominam aquilo que desejam realçar, atirar aos adversários, convencer os eleitorados e evitar que se fale daquilo que não lhes convém.

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A comunicação social também cria factos, condiciona as agendas e domina aquilo que ocupa a nossa atenção e exerce o seu poder de manipulação e de persuasão, consoante as influências e os interesses que a comandam se o jornalismo não for independente.

Ainda há pouco tempo éramos entretidos pelo Brexit, que alternou com a insatisfação em França, que se seguiu  às eleições no Brasil, que antecederam aos refugiados na fronteira do México, que anteciparam a cimeira de Davos,  que coincidiu com o muro de Trump e se seguiu à velha e preocupante questão da situação na Venezuela onde tantos portugueses e luso-descendentes vivem há anos uma situação dramática que muito nos devia preocupar.

Só depois de tudo isto, e soprado baixinho para não nos revoltarmos, voltou a revelação de que já  prescreveu o caso Caixa Geral de Depósitos que custa milhares de milhões de euros que vamos ter de continuar a pagar, uma dívida vergonhosa que políticos ordenaram que a Caixa contraísse, emprestando dinheiro sem garantias de crédito a amigos e a empresas favorecidas, sem respeito pelas regras da concessão de crédito.

E foi preciso que uma psicóloga bonita, inteligente e corajosa revelasse a lista de devedores na TV tabloide para que mais gente recomeçasse a falar nisto para dizer que será muito difícil vir a saber o que se passou, punir os culpados e ressarcir o povo português dum buraco de empréstimos suficiente para pagar  dois anos do Serviço Nacional de Saúde. E lá lembrou o dr. Campos e Cunha, que foi ministro das Finanças só dois meses e que se demitiu por o Governo de Sócrates a que pertenceu o pressionara a substituir a Administração da Caixa. Homem sério, pois! Os outros ministros de Sócrates a gente bem os vê por aí. E não prescrevem…

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