Manso Preto
Director / Editor
O que se está a passar com a ‘guerra’ em volta das controvérsias com a água e o lítio na Serra d’ Arga fez nascer Movimentos Independentes que não se revêem nos seus dirigentes políticos, sejam eles locais ou nacionais. Trata-se ‘apenas’ em mais um triste exemplo da descredibilidade partidária e política de muitos dos seus serventuários. A alegada proximidade entre eleitores e eleitos que tudo prometem e se ‘desfazem’ em sorrisos e promessas nas campanhas eleitorais e que, postos no ‘poleiro’ e depressa se esquecem, é do pior que carcome o poder e contagiou Portugal de lés a lés.
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O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo parece adaptar-se a essa miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente quando o exemplo não vem de cima. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso… A degradação de Valores cresce, cresce…
O comércio definha ao esbarrar com a burocracia, falta de visão e agora esse vírus que anda por aí. A indústria enfraquece ou desaparece mesmo onde é insipiente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Vem isto a propósito nas poucas dezenas de pessoas que se manifestaram em cada um dos sete concelhos que se mobilizaram em frente às Câmaras Municipais a protestar contra a empresa Águas do Minho que é um sinal de incompetência e falta de respeito pelos concidadãos. Milhares de pessoas que sabem recorrer às redes sociais quando se sentem lesadas, enganadas, desesperadas, preferiram no sábado (dia das Manifestações), ficar em casa ou ir para as praias. Muito desanimados deveriam sentir-se aqueles que, durante semanas, formaram um voluntarioso Movimento Independente.
Com o lítio na Serra d’ Arga passa-se algo idêntico. As próprias associações ambientalistas também se devem sentir enganadas, impotentes, desmotivadas por, em determinado momento, acreditarem no tom bem falante dos políticos, consumada que parece estar a inevitabilidade que se abate sobre uma paisagem protegida, pelos vistos apenas no papel e na catalinária dos políticos locais que, é preciso que se saiba, têm a promessa governamental que 50% do rendimento das empresas exploradoras entrará nos cofres da autarquia. Faz lembrar as promessas das instalações dos famosos Bingos que, para conseguirem as concessões, ficaram de doar uma percentagem para IPSSs, associações desportivas, etc. Conhecem algum caso em que isso foi realidade?
E o povo, onde está o povo? A banhos!… Temos o que merecemos. Depois não se queixem!
Assim todas as ideias parecem certificar a podridão e dar razão ao governante holandês que, perante a indignação nacional, disse que o nosso mundo «gira em volta de copos e mulheres»… Não foi correcto – direi eu! Esqueceu-se de incluir o futebol…
