Editorial

Ainda a polémica com o ballet, senhor Presidente Augusto Marinho?

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Damião Cunha Velho

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Depois do Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca ter decidido mudar as aulas de ballet da Casa da Cultura para as Piscinas Municipais, gerou-se na comunidade um clima de descontentamento, desconforto e até conflito. Tendo em conta este facto, entendo que o Presidente deve reconsiderar e voltar atrás na decisão por si tomada.

Eu não sou pessoa dada a muitos convívios e o que aqui estou a escrever não tem a ver com o que me dizem, mas com aquilo que observo, sinto e penso, abstraindo-me até do que vou lendo sobre este assunto. E, nada como sairmos da ilha para melhor podermos ver a ilha. Um exercício que proponho ao Presidente Augusto Marinho.

Mudar o local e as instalações das aulas de ballet, causou, nos alunos de ballet, nos seus pais e na população em geral – de todos os quadrantes políticos – uma reação negativa, de apreensão e de injustiça. Não discuto quem está certo ou quem está errado, já que o importante agora, a meu ver, não é o mérito ou o demérito da decisão tomada pelo Presidente, mas as consequências negativas dessa mesma decisão. E elas, infelizmente, estão à vista. O desagrado, a tristeza e o sentimento de que algo não mereceu a devida consideração, são mais do que evidentes.

O importante, neste momento, não é o Presidente pensar que ao recuar vai sair vencido, nem aos que estão contra a decisão de Augusto Marinho acharem que sairão vencedores caso o Presidente decida fazê-lo. Porque isso não é verdade, nem é disso que se trata. Trata-se de devolver serenidade a todos os que estão inquietos com esta situação. E são muitos.

Devolver a serenidade a todos, entendo ser razão mais do que suficiente para voltar atrás, dada a crispação gerada, não apenas nos barquenses, mas em pais e crianças de outros concelhos que frequentavam há muitos anos o ballet em Ponte da Barca. Aliás, voltar atrás também pode significar uma vitória, ao mostrar a importância que Augusto Marinho dá a uma convivência harmoniosa na comunidade a que preside e aos demais que, não vivendo aqui, têm um apreço especial pelo ballet nesta terra. Reconhecer uma falha – porque alguma coisa falhou – é melhor do que andar às voltas sobre as virtudes da decisão, que não ponho em causa, porque não é agora o momento adequado para essa discussão, uma vez que as partes em conflito estão presas na ilha, que vista de cima e a olho nu, está objetivamente em rebuliço.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Pôr termo a este rebuliço será uma vitória para todos e para quem o conseguir fazer. Estando nas mãos do Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca esse poder, exerça-o, Senhor Presidente, e não haverá vencidos. Saberá melhor do que eu, um simples eleitor desta ilha, que, quando os barquenses ganham, o Presidente também ganha.

Todos sabemos como começa uma guerra, mas dificilmente conseguimos adivinhar como acaba. Temo que esta possa acabar mal para todos e, por isso, impõe-se uma ação no imediato.

Escrevo este artigo sem pensar em possíveis erros ortográficos, se tem vírgulas ou parágrafos nos lugares certos. Quero que seja genuíno, sincero e simples, da alma para o teclado, demonstrando, assim, que não me move qualquer interesse que não seja o de devolver paz e tranquilidade a quem de repente se sentiu ferido com tudo isto. Digo “ferido” porque a questão é sobretudo afetiva: dos que gostam do ballet, dos que gostam da professora de ballet, dos que gostam de associar o ballet à Casa da Cultura e à Ponte da Barca!

A política é a arte de conseguir consensos, de unir, de fazer pontes. A política de proximidade é a arte de olhar para os olhos dos que vivem ao nosso lado, sentir o que eles sentem, dar-lhes a mão e fazer com que a vida siga em frente. É preciso saltar este degrau com humildade, com sentido de responsabilidade, pois há muita vida para além deste embaraço. E esta vila merece viver.

Portanto, caro Presidente, o tempo dará razão a quem a tiver, o futuro tratará de fazer justiça. Resta o tempo presente. E, o tempo presente é o tempo de agir no sentido de serenar todos os que aqui vivem. Faça-o em nome desta ilha que, em tempos de sábios cidadãos, ao juntar diferentes barcas fez uma ponte, que deu a esta terra o nome de Ponte da Barca, que todos hoje, de cá e de fora, apreciam!

 

 

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