Editorial

ALTICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
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Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Tenho amigos que trabalham  na PT e estão cheios de medo da nova patroa, a franco-israelita Altice. Tenho outros amigos  a roerem  as unhas à espera da  Altice na TVI. Não conheço ninguém que diga bem da Altice.

No entanto, num  dia destes, perguntei a um cameraman da TVI que eu conheço desde  tempos idos , se também estava com medo da compra da TVI pela Altice aos espanhóis da Prisa. Respondeu-me:

”Oh pá! Estou como o Tiririca, pior do que está não fica!”.

Como se vê, há opiniões e interesses muito distintos nisto  tudo. O próprio primeiro-ministro, António Costa, não escondeu o seu estranho desagrado pela  dona da PT, responsabilizando-a por falhas do SIRESP em Pedrógão, e vai  atendendo  aos  protestos dos trabalhadores da PT.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Nessa ocasião, Costa até se confessou   adepto e freguês da Vodafone  e ,no almoço que Macron lhe ofereceu em Paris, o nosso primeiro ministro não terá escondido o receio que os antecedentes da Altice lhe provocam.

Mas se Patrick Drahi, o israelo-francês que lidera a Altice a todos os níveis, é uma misteriosa figura, temida e vencedora, o seu braço direito não é menos receado e elogiado depois de cada missão que cumpre na complexidade do seu trabalho por todo o Mundo.Com  acrescido interesse  para nós,  por se tratar dum cidadão português, natural do Alto Minho, a quem o então ministro da Economia do CDS, Pires de Lima,  classificou de “herói  nacional”.

Armando Pereira, a segunda figura da gigantesca Altice, não é um homem qualquer. Ao ocupar a  antiga  PT, Armando foi “chairman”, conheceu  os cantos à casa, abriu  hostilidades de preços com fornecedores e clientes e granjeou  simpatias  ao inaugurar um “call center” em Vieira do Minho, de onde é natural e onde possui uma residência na quinta das Casas Novas, que frequenta  ocasionalmente.

Aos 65 anos de idade, Armando Pereira é o homem-sombra de Drahi, seu sócio e amigo desde que de picareta em punho os dois abriram valas para telecomunicações nas ruas de Paris. Patrick era o intelectual, Armando o prático empedernido. Assim fizeram fortuna juntos e se associaram. Armando nasceu em Guilhofrei, uma pequena aldeia de Vieira do Minho, de onde aos 14 anos saiu para França com uma mão à frente e outra atrás.

 Agora, casado com uma senhora francesa, pai duma filha e avô de dois netos, poderoso e implacável, Armando Pereira gera medos e administra esperanças neste complexo e estranho lugar onde a sua companhia veio cair para ele descobrir um novo e encantador reino da … Altice  no País das Maravilhas…

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