Na passada 3ª feira alunos do estabelecimento de ensino Ancorensis, em Vila Praia de Âncora, bem como professores, administrativos e restante comunidade escolar, juntaram-se em uma única voz para contestar a última resolução do Ministro da Educação, a qual coloca o estabelecimento em vias de fechar portas.
Caminharam por artérias de Vila Praia de Âncora mostrando indignação e insatisfação pelas medidas tomadas recentemente. Logo após, regressaram ao estabelecimento onde pernoitaram em vigília.
Efectivamente, a vida deste estabelecimento de ensino não faz prever um bom agoiro após o Ministério da Educação ter decidido cortes no financiamento. Concretamente, a escola não poderá abrir novas turmas em início de ciclo de estudos, isto é, estas turmas poderão existir mas não usufruirão de apoio estatal.
Apesar do Minho Digital ter interpelado o director da Ancorensis – Cooperativa de Ensino, Octávio Pinheiro, de qual a posição da escola fase aos últimos acontecimentos, qual o pulsar da vida escolar ultimamente e se estão previstas mais formas de luta, somente recebemos o silêncio!
Por sua vez, a Câmara Municipal de Caminha tem vindo a efectuar diligências junto do Ministério de Educação, com conhecimento da Ancorensis, para encontrar formas de manter a instituição em funcionamento, salvaguardar os postos de trabalho e proporcionar «melhor oferta educativa no concelho de Caminha».
PSD propõe moção de censura à análise da Rede de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo
A Câmara de Caminha reuniu em sessão ordinária no passado 1 de Junho, tendo na mesma os vereadores sociais-democratas apresentado uma moção de censura à análise da Rede de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo com contrato de Associação, da qual resulta a não atribuição de turmas do 7º e 10º ano nos próximos anos lectivos para a Ancorensis cooperativa de Ensino. No entanto, a mesma teve a não aprovação do executivo socialista, isto por já ter sido aprovada uma em Assembleia Municipal.
O PSD mostra desagrado e contesta ao salientar que «a moção apresentada em Assembleia Municipal, e que apanhou todos os deputados desprevenidos, levando a que não a pudessem analisar convenientemente foi aprovada por unanimidade, pelo único motivo que se centraram no objetivo principal que era a instituição de ensino e os seus alunos e não no conteúdo da mesma».
Para esta força política, a moção resultante da Assembleia Municipal tem «inúmeras gralhas», e acrescentam que a fundamentação «é um mero ataque político baixo, vazio e enviesado da realidade».
Os vereadores do PSD consideram que no dito documento a ETAP foi colocado como objecto e que tal só representa que «o Partido Socialista fez aquele documento à pressa, para mandar areia para os olhos de todos, desconhecendo totalmente a realidade educativa e as formas de financiamento dos estabelecimentos de ensino em questão».
No entanto, os sociais-democratas consideram a situação mais preocupante quando se sabe que a escola básica 1 / 2 afinal só tem 5 salas disponíveis. «Como é que com 5 salas disponíveis dizem que podem acolher 11 ou 12 turmas do 3º ciclo da Ancorensis» e a situação se agrava muito mais quando «se preparam para adaptar salas, que até fazem falta actualmente , como a sala de música e outras, para “ desenrascar”, e que as turmas do 1º ciclo também poderão ter de dividir salas. Ou seja, afinal o espaço não existe, vai ser improvisado com o único intuito de destruir e acabar com a outra oferta de ensino público existente na freguesia».
A censura dos sociais-democratas termina com a seguinte acusação: «o PS, a CDU e o BE não têm o direito de prejudicar assim os filhos de Vila Praia de Âncora e arredores, colocando o partido e as visões político-ideológicas à frente das nossas crianças e de um ensino com condições físicas e humanas de excelência».
Os social-democratas informa, ainda, que o município caminhense irá candidatar a fundos europeus um projecto de 3 milhões de euros para ampliação da escola de Vilarelho, para mais 17 salas. E na sua análise, acrescentam que «provavelmente já na altura do anúncio sabia que o seu governo tinha colocado uma cruz em cima do ensino de qualidade para 3º ciclo e secundário na freguesia mais populosa do concelho de Caminha».
E as acusações, também, chegam ao vereador da Educação e lamentam que este «não tenha uma palavra a dizer sobre o assunto e nunca tenha assumido nenhuma posição. Não é só lamentável como revela o desprezo total com que esta situação está a ser tratada pelo executivo».