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Arcos de Valdevez: abate avança em força com licitação dos povoamentos florestais atingidos pelos fogos

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É sempre assim. Depois dos incêndios, vem o inevitável (e doloroso) corte das manchas florestais atingidas pelas chamas.

Na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, caso do denominado “Triângulo de Mezio” (Soajo), os industriais de madeira, enquanto cortam lotes negociados há algum tempo, preparam-se para licitar os povoamentos queimados no último verão antes do abate.

No levantamento que está a ser feito pelos Baldios de Soajo e de Cabana Maior, para balizar as manchas a abater, “podem existir zonas de conflito”, como assume Cristina Martinho, que preside ao Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo.

Entretanto, com tamanha oferta de madeira, os preços desta matéria-prima têm vindo a “cair” no mercado. “Hoje, a madeira custa 25 euros o m3, quando, em 2011, andava pelos 30 euros”, adianta Cristina Martinho, que espera licitar, a curto prazo, importantes manchas florestais para “amortecer” alguns dos prejuízos registados em agosto e setembro (últimos).

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Quem ganha com o negócio

Depois de um incêndio, há urgência em cortar e vender os troncos de uma floresta de pinheiro. Caso contrário, os povoamentos começam a ganhar uma espécie de bolor que lhe muda a cor e impede, por exemplo, a utilização da madeira na indústria do mobiliário.

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Daí que os Baldios tenham todo o interesse em vender, o mais rápido possível, as manchas florestais queimadas, facto que aumenta a pressão da oferta sobre a procura.

Neste contexto, saem beneficiados os madeireiros, as fábricas de serração e os industriais do setor, que conseguem baixar os preços e escolhem os melhores lotes da madeira no meio da vasta oferta existente no mercado.

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Mas outros setores podem lucrar com o crime. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, no período efervescente dos incêndios de verão, acerca da dizimação florestal, disparou contra os interesses instalados na agropecuária.

“[…] O concelho de Arcos de Valdevez arde de dia e de noite desde meados de julho, não dando um minuto de descanso aos bombeiros […]. Tudo isto tem mão criminosa, não duvidem disso […].” “Haja coragem e acabe-se, imediatamente, com os subsídios para as explorações de animais, entre outras… Faça-se cumprir a lei da obrigatoriedade de se limpar 50 m à volta das habitações… E responsabilize-se quem tem comportamentos negligentes que contribuem para estas situações”, escreveu Filipe Guimarães na rede social Facebook.

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Plantações de folhosas em vez de resinosas

Plantar a futura floresta. A pensar nas gerações vindouras, a Assembleia de Compartes dos Baldios da Freguesia de Soajo, em parceria com diversas entidades, promoveu, no dia 23 de novembro, uma plantação de folhosas nas imediações da Área Arqueológica do Mezio. Ao todo, foram plantadas cerca de novecentas árvores, entre carvalhos, bidoeiros (vidoeiros) e plátanos, cobrindo uma mancha de Vilar de Suente que todos pretendem valorizar.

A coincidir com o Dia da Floresta Autóctone, que se comemorou, justamente, esta quarta-feira, foram acomodadas quase mil folhosas nas fiadas abertas, numa área provida de corredores de passagem. Participaram, entusiasticamente, na ação, dezenas de voluntários (todos presenteados com um diploma de participação), entre crianças do ensino pré-escolar e primário e adultos (populares, brigadas dos sapadores florestais de Soajo, GIPS, SEPNA, representantes dos Baldios e elementos da proteção civil local. Com esta intervenção, fruto de uma candidatura aprovada ao Projeto “Floresta Comum”, conseguiu-se renovar/valorizar uma importante área, consolidar racionalmente o espaço e incutir uma cultura ecológica nos mais novos. A breve trecho, serão colocadas mangas para proteger as árvores do gado.

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Espera-se que esta iniciativa, em prol da comunidade e da mãe natureza, não fique à mercê de um qualquer pirómano, sendo certo que novas ações serão empreendidas a curto prazo e a área baldia de Vilar de Suente receberá novo generoso “mosaico” de árvores (cerca de 15 mil).

As campanhas de (re)florestação – muitas delas financiadas por projetos de âmbito comunitário (as árvores, desta plantação, foram oferecias pela Toyota, que, com os Baldios, ajudou, também, a custear o lanche) – são pouco onerosas para as entidades que gerem os baldios e o produto que delas resulta é bastante superior ao investimento.

Foram entidades parceiras deste projeto os Baldios de Soajo e Vale, ICNF, Atlântica, Proteção Civil e Toyota.

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Nuvem do Minho
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