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Arcos de Valdevez: Encontro Ser EducAção discutiu modelos de ensino e entreteve crianças com a “rapper” da moda

Sob o slogan “Da escola que temos à escola que queremos”, realizou-se, de 7 a 9 de outubro, em Soajo (Arcos de Valdevez), a segunda edição do festival Ser EducAção. A organização associou o campo científico-pedagógico ao ambiente lúdico.

O encontro abriu, no crepúsculo do dia 7, com uma sessão meditativa, em grupo, a inspirar um desenho coletivo, forma de “construir” a educação sonhada por cada agente. Seguiu-se a projeção do documentário “Projeto Globetrotter”, rodado em 15 países (todos da Europa, exceto a Indonésia), o qual se debruça sobre “escolas e comunidades educativas alternativas no mundo”.

Um dos modelos de ensino alternativos consiste em estudar em casa, método em expansão em Portugal. De acordo com dados apurados, o número de estudantes que estão em regime de ensino doméstico (os pais ensinam os filhos em casa) disparou cerca de 950% em quatro anos letivos, passando de 63 para 661 crianças. Localmente, em anos recentes, alguns alunos, com residência em Soajo, foram ensinados em casa pelos pais, apesar de as crianças estarem inscritas no Agrupamento de Escolas de Valdevez (AEV).

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Com a abordagem aos métodos de ensino emergentes, estava dado o mote para o fim de semana. O dia 8 foi quase todo ele dominado pelos desafios que se colocam à educação, segundo um processo que deve, também, estar ligado ao contexto espácio-temporal. Sob este ângulo, o edil João Manuel Esteves defendeu, para as escolas do concelho, um “conjunto de iniciativas para ensinar aos alunos o que é o território, classificado como Reserva Mundial da Biosfera”.

Na intervenção menos politicamente correta de todas, o diretor do AEV criticou a tutela por dar prevalência a um ensino formal, normativo, quantitativo e concetual. “À escola cognitivista não interessa muito a parte informal dos valores e das atitudes”, atirou Carlos Costa, que, das nove unidades, considera a “Escola Primária de Soajo a mascote do AEV.”

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Após os discursos da praxe, foram promovidos vários círculos interativos, sob o ângulo Eu-Nós-Todos, à luz de uma “filosofia” que visa fomentar a participação de todos para potenciar a “cocriação de ideias, projetos e soluções”.

O “alfobre” de ideias que foi germinando na sala colocou, de um modo ou de outro, o acento tónico na “descoberta”, na “partilha” e na “ação”. O grupo de Nuno Soares, diretor da Casa das Artes, disse querer “partilhar experiências e criar redes” e, numa perspetiva mais alargada, propôs-se “contribuir para a reflexão e para a mudança ao serviço da educação na base da multiplicidade.” Já o círculo de Carlos Costa e João Manuel Esteves defendeu como grande intenção o “partilhar para descobrir e fazer”.

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Ou seja, a educação, um “tesouro a descobrir”, segundo a aceção de um conhecido Relatório da Unesco, deve centrar-se em várias aprendizagens. São pilares do conhecimento pela vida fora o aprender a conhecer, o aprender a ser, o aprender a viver em comunidade e o aprender a fazer.

No âmbito desta perspetiva pedagógica, sobre quem somos, destaque-se a recriação do fiadeiro tal como este se fazia há décadas, cuja iniciativa decorreu ao som dos cantares tradicionais e das concertinas. A ver por esta sessão (com desgarrada), o trabalhar da lã reclama muita perícia às mãos: são estas que desempenham um papel crucial, de início ao fim, nos processos de carpiar e fiar com a roca e o fuso.

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Mas o festival Ser EducAção, além dos círculos interativos em torno da escola e da reconstituição de costumes (fiadeiro e oficina do pão), consagrou boa parte da sua programação ao público infantil. O espetáculo “Mão Verde” (homónimo do livro-disco), de Capicua, sobrelotou a sala da Escola Eira do Penedo. A rapper portuense Ana Matos Fernandes cantou e encantou a assistência desfiando uma coletânea de canções, cheias de ternura e humor, sobre natureza, agricultura, alimentação e ecologia.

Além deste concerto, o evento teve a virtude de juntar dezenas de crianças, vindas de várias localidades, proporcionando-lhes brincadeiras ao ar livre (“foguetões de água”, jogos tradicionais, criações artísticas e castelos com esponjas). Brincar em espaços abertos é importante para o desenvolvimento físico, intelectual e cognitivo das crianças. Mas, segundo um estudo realizado em vários países, entre os quais Portugal, o tempo médio de brincadeira ao ar livre no nosso país é de apenas 63 minutos por dia.

Por fim, o último dia do festival, que foi uma organização da Associação Moving Cause, reservou uma caminhada no Mezio, numa área dizimada pelas chamas.

No balanço e contas, sobra a conclusão de que a comunidade arcuense, sobretudo a de Soajo, em relação à edição inaugural, se envolveu um pouco mais na programação deste ano.

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