Os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela PORDATA, de 2014, evidenciam três realidades incontornáveis no concelho de Arcos de Valdevez: o despovoamento do território (sobretudo dos núcleos rurais), o envelhecimento demográfico e a baixa natalidade.
As conclusões foram apresentadas por Fernando Cabodeira numa conferência integrada nos trabalhos do Curso Breve de Cidadania Local, que decorreu, em Arcos de Valdevez, no dia 29 de janeiro.
O imparável despovoamento do território reflete a curva descendente que se tem acentuado de ano para ano. Em dezembro de 2014, a população arcuense era de 21 885 indivíduos, um recuo superior a 5% face a 2011. E a Operação Censos’2011 contabilizara já uma regressão de cerca de 2 mil habitantes neste concelho por comparação com o levantamento de 2001.
Para este universo de 21 885 residentes, apenas 2350 indivíduos (pouco mais de 10% da população global) têm menos de 15 anos, enquanto o grupo etário, com mais de 65 anos, representa 32% (em 2011, esta taxa era de 26,9%), o equivalente a 6962 idosos.
PUBFruto disso, o índice de envelhecimento (idosos por cada cem jovens) em Arcos de Valdevez disparou em dez anos, superando largamente os indicadores da região e de Portugal. Hoje, há, neste concelho, 291,5 idosos (208,1 em 2001) por cada cem jovens, um índice (muito) mais desigual do que a média registada no Alto Minho (187,5) ou em Portugal (118). Certo é que o envelhecimento se deve também à melhoria dos cuidados de saúde, resultando daí o aumento da esperança de vida.
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Segundo Fernando Cabodeira, esta crise (demográfica) provém sobretudo da quebra acentuada da natalidade e da emigração do lado da população ativa. O número de nascimentos, em anos recentes, é, com efeito, o mais baixo desde que há registos. Em Arcos de Valdevez, nasceram, em 2014, somente 125 bebés, menos quarenta do que em 2001. Paralelamente, o índice de fecundidade (filhos por mulher em idade fértil) é 1,2, quando 2,1 é o limite para garantir a substituição de gerações.
PUBComparando com o número de óbitos, 340 em 2014, verifica-se, no Município arcuense, um saldo natural negativo de 215, naquele ano de referência. Esta discrepância – que resulta da “quebra da natalidade”, do “aumento do índice de envelhecimento” e da “diminuição da imigração” – além de impedir a reposição de gerações, ameaça a sustentabilidade económica, pois, segundo dados de 2014, a população arcuense em idade ativa (dos 15 aos 64 anos) é de (apenas) 57%, facto a que não é alheio a emigração de muitos jovens. De referir que, em 2001, esta taxa era de 60,2 por cento.
Na opinião dos demógrafos, os dados plasmados nos estudos do INE e da PORDATA denunciam a falta de mecanismos e de políticas transversais pró-natalidade e de combate às assimetrias. Em consequência disso, têm vindo a intensificar-se o processo de envelhecimento e o fenómeno do êxodo rural para o litoral ou para o estrangeiro.
De resto, a pensar no que pode vir aí, Fernando Cabodeira realizou, de novembro de 2015 a janeiro de 2016, um inquérito referente à fecundidade nos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo. As projeções demográficas para cada um dos municípios vão ser apresentadas em breve.
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