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Arcos de Valdevez homenageia Combatentes do Ultramar nas comemorações do 25 de Abril

Arcos de Valdevez

As cerimónias comemorativas do 25 de Abril decorreram em dois atos. Abriram, na Praceta Combatentes do Ultramar, com uma homenagem aos militares arcuenses (mortos e vivos) que lutaram pela pátria (de 1961 a 1974), e continuaram, na Praça Municipal, com o içar das bandeiras, momento seguido da exibição de dois grupos corais de Arcos de Valdevez.

O Dia da Liberdade, misturado com “vivas a Portugal”, foi o mote para não deixar cair no esquecimento a guerra colonial, um dos mais marcantes acontecimentos da história contemporânea portuguesa. No primeiro andamento, carregado de simbolismo, após o toque de silêncio dado pelo clarim, o edil João Manuel Esteves e o presidente do Núcleo de Monção da Liga dos Combatentes (NMLC), Francisco Almeida (com origens arcuenses), depositaram uma coroa de flores junto ao monumento que homenageia os antigos combatentes.

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De seguida, por intermédio de Manuel Magalhães Vieira, vogal da direção do NMLC, procedeu-se, com “saudade” e “em família”, à leitura da oração pelos mortos, prece cerimonial em “respeito e gratidão pelos nossos mortos, militares e civis, que deram a sua vida ao serviço da pátria”. Complementarmente, Carlos Anselmo, coronel de infantaria e secretário da direção do NMLC, fez a chamada dos nomes dos 25 mortos, com o grito “presente” a ser entoado, outras tantas vezes, pelos ex-combatentes perfilados numa das alas.

No balanço e contas, a guerra colonial matou cerca de 9 mil militares em Angola, Guiné e Moçambique, deixando, também, dezenas de milhares de soldados feridos e com deficiências de vários graus. Na qualidade de combatente ferido no Ultramar discursou Carlos Anselmo para realçar que, “de todas as condecorações” por ele recebidas, a que lhe dá “mais orgulho” é a de ser considerado “um ferido em combate e ao serviço da pátria”, distinção que “constitui uma entrega tão generosa e tão imensa que é indelével para toda a nossa vida”, justificou.

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A fechar este primeiro ato (onde imperou a impecável organização de Nuno Soares e José “Mokuna”), cantou-se a plenos pulmões o hino português.

 

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Cerimónias oficiais dominadas por canções de Abril

A sessão solene evocativa dos 43 anos de democracia teve algum público a assistir na Praça Municipal. Sem discursos e (quase) sem cravos à lapela, o ponto alto deste segundo ato prendeu-se com a “superprodução” de dois grupos corais arcuenses que cantaram temas de Abril.

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Na presença de individualidades políticas, civis e militares, a cerimónia que assinalou o Dia da Revolução começou com o hastear das bandeiras (concelhia, nacional e da União Europeia), com a Guarda de Honra a ser feita pelo corpo ativo da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (e respetiva Fanfarra), pelo Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 214 e pela Banda da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez.

No momento do içar das bandeiras, a banda arcuense tocou, com grande entrega e virtuosismo, como é seu timbre, o hino português. O outro compasso artístico pertenceu a dois coros infanto-juvenis (Grupo Musical Padre Himalaya e Vozes do Vez), que, através de seis temas, prestaram um justo tributo à liberdade e à resistência contra a ditadura.

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Sob a direção dos professores, os mais de quarenta meninos interpretaram, com brilhantismo, e à vez, “Cantigas do Maio”, “Traz outro amigo também”, “Venham mais cinco”, “Alípio de Feitas”, “Balada de outono” e “Vejam bem”. Finalizaram, apoteoticamente, com a “Marcha dos Arcos”, tema que os dois grupos corais cantaram coletivamente em homenagem ao criador da marcha, o maestro Branco Pedreira (recém-falecido).

Entretanto, o programa de celebrações termina este sábado, 29 de abril, com Carlos Mendes a prometer espetáculo na Casa das Artes.

 

Depoimentos

 “[…] Existe a certeza de que, quando lutámos por Portugal, lutámos por aquilo que a história nos transmitiu e que queremos transmitir aos nossos filhos e aos nossos netos: é o sentimento de pátria, […] o nosso berço, e a garantia de que, enquanto houver soldados portugueses que defendam a pátria portuguesa, jamais o nosso País morrerá”.

Carlos Anselmo, combatente ferido no Ultramar

 

“É um dia muito feliz para todos nós. […] Concretiza-se a ideia que semeei há cerca de um ano, com a realização desta homenagem aos combatentes. Está de parabéns o executivo municipal por ter tratado bem da semente. […] Graças ao 25 de Abril de 1974, estamos, aqui, a homenagear os mortos e os vivos do concelho de Arcos de Valdevez. Passados 43 anos, queremos saudar os bravos militares de Abril. Viva o 25 de Abril, viva Portugal livre!”

Duarte Barros, combatente na Guiné de 1972 a 1974

 

Os 25 arcuenses tombados na guerra colonial

Abel Amorim Rente (Guilhadeses), António Amorim (Monte Redondo), António Amorim da Rocha (Vale), Armando Barreiro de Amorim (Álvora), Avelino Gomes Galvão (Mei), Gaspar Amorim Barbosa (Jolda S. Paio), Ilídio Rodrigues Gomes (Padroso), Jaime Barbosa Soares (Soajo), José Dias Guimarães (Arcos Salvador), José Francisco da Silva Galegos (Souto), José Lima Mendonça (Cendufe), José Rodrigues Gomes (Vale), José Veloso Gonçalves (Paçô), Manuel Fernandes (Ermelo), Manuel Fernandes Moreira (Gavieira), Manuel Galvão da Eira (Cabana Maior), Manuel Meneses Valinhas (São Jorge), Manuel Pereira (Senharei), Manuel Rodrigues de Amorim (Távora S. Vicente), Manuel Saraiva Freire (Vale), Mário Araújo de Abreu Brandão (Padreiro Santa Cristina), Mário Óscar Lima de Azevedo (Arcos S. Paio), Nuno Gonçalves da Costa (São Jorge), Severino de Brito Guerra (Prozelo) e Valdemar Rodrigues Lages (Gondoriz).

 

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