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Arcos de Valdevez: pastores lesados pelos incêndios já receberam ajudas para compra de forragens

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As ajudas prometidas pela tutela já foram atribuídas aos pastores prejudicados pelos incêndios do verão. Os apoios, nesta fase, destinam-se à aquisição de forragens para alimentar o gado. Mas as ajudas compensatórias para custear as estruturas produtivas (estábulos, por exemplo) só vão ser processadas mais tarde.

Devido à destruição de imensas áreas de pasto na área do Parque Nacional Peneda-Gerês (e nas proximidades deste), o Ministério da Administração Interna, através da Autoridade Nacional de Proteção Civil, avançou, logo, com uma Conta de Emergência para os criadores lesados, a maioria de Soajo, Cabana Maior, Gavieira, Sistelo e Cabreiro, as freguesias de Arcos de Valdevez mais fustigadas. “Recebemos, no passado dia 10 de outubro, 30 euros por cada vaca ou cavalo, igual valor por três novilhos e outro tanto por cada rebanho de seis ovinos ou caprinos”, adianta António Cerqueira, de Soajo.

A falta de pasto, desde agosto passado, tem sido uma forte dor de cabeça para a comunidade que vive da agropastorícia. Em Soajo, onde existe a maior comunidade de pastores do concelho e, provavelmente, uma das últimas do território, há cerca de cinquenta criadores registados. Pelos campos e serra de Soajo, pastam, livremente, cerca de 1500 animais, entre bovinos (800 cabeças), ovinos e caprinos (550) e equinos (150), segundo dados apurados localmente.

Como os montes ficaram sem pasto desde os devastadores incêndios de agosto, os animais desceram aos estábulos à procura de alimento. “Até novembro próximo, nós, pastores, temos de alimentar o gado com o feno comprado, o que significa uma despesa acrescida”, diz António Cerqueira, um pouco reconfortado com esta ajuda.

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Sem pastagens, a solução encontrada pelos pastores tem sido, justamente, a compra de feno em Espanha ou Vila Verde (Braga). “Cada fardo de feno, adquirido na Galiza, custa cerca de 2,60 euros, mas o rolo maior, de trezentos quilos, fica por 30 euros, ou seja, 10 cêntimos o quilo”, contaram ao Minho Digital alguns pastores. Um fardo dos pequenos, em certos casos, pode servir apenas para matar a fome pela manhã a uma vaca. No resto do dia, os animais andam junto aos estábulos, nos campos poupados pelas chamas ou nas imediações das estradas a procurar arbustos e ervas, que começam a despontar agora com as chuvas.

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Apesar de os valores ficarem aquém das necessidades, a comunidade de pastores diz que o dinheiro recebido é melhor do que nada. “É verdade que há seis anos as ajudas foram mais significativas [cem euros por vaca], mas nós, depois do incêndio de agosto último, não reclamámos um montante em concreto, solicitámos, sim, uma ajuda imediata para comprar feno”, refere António Cerqueira, que, a nível nacional, foi um dos 899 beneficiados com o apoio financeiro ao abrigo da referida Conta de Emergência, a qual reservou um montante global de 233 340 euros para as candidaturas aprovadas.

Outro pastor, que tem, em permanência, os animais no estábulo e dentro da cerca, onde existe um campo com bastante pasto, reclama uma fiscalização adequada e coerciva para acabar com os abusos.

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“Concordo com as ajudas, mas os beneficiários devem ser cumpridores e conscienciosos, pois há pastores que recebem ajudas para outras coisas que não a aquisição de feno”, atira um criador de Soajo.

Mas, com estes pequenos apoios, não é certo que os produtores consigam manter o gado e o efetivo sem recorrer às respetivas poupanças…

 

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