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“Arcuense” gere centenas de projetos no Conselho Europeu de Investigação

É filho de arcuenses (de Padreiro Salvador e Santa Cristina), nasceu em França, mas tem nacionalidade portuguesa e faz questão de visitar sempre que pode os Arcos de Valdevez (onde esteve há algumas semanas e cá regressará antes de meados deste mês de agosto). Chama-se Victor Alves Gomes e integra o Conselho Europeu de Investigação (CEI), em Bruxelas, desde 2009, organismo que faz parte da Comissão Europeia.

Mas o percurso internacional de Victor Alves Gomes na União Europeia (UE) começou muito antes, justamente em julho de 2000, como “responsável regional da UE no Kosovo (em Mitrovica)”, cargo que exerceu até dezembro de 2002. Posteriormente, desempenhou funções na Direção-Geral dos Assuntos Humanitários, onde abraçou “o projecto TACIS”, ligado à “segurança nuclear”. De seguida, transitou para a Direção-Geral Alargamento-TAIEX, na área de “cooperação técnica”, realizando “missões na Sérvia e no Montenegro”.

Desde 2009 que Victor Alves Gomes gere projetos no CEI, sob supervisão direta da Direção-Geral da Investigação e da Inovação. Em entrevista ao Minho Digital, diz que trabalha “no acompanhamento de projetos, sobretudo na parte ética”, tendo, “de momento, 320 projetos em carteira”. Faz “análise” dos mesmos e, quando conveniente, organiza “painéis de peritos” para o seu “devido acompanhamento”. Em tempos, também, operou “na parte de finanças e contratos”.

Antes de ingressar na UE, Victor Alves Gomes já tinha tido outras experiências internacionais, nomeadamente em Angola e Moçambique.

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Cinco perguntas a Victor Alves Gomes

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“As bolsas do Conselho Europeu de Investigação (CEI) são para cientistas de todo o mundo”

1. Como é que se tornou funcionário da UE?

Decidi concorrer, pela primeira vez, para uma instituição europeia, quando estava no  Kosovo, em 1999, e  fui selecionado para uma  entrevista. Posteriormente, passei num concurso público organizado a nível europeu. Antes de entrar no circuito das instituições europeias, trabalhei em Moçambique, Angola e Kosovo ao serviço da Organização Internacional para as Migrações, que pertence agora às Nações Unidas, tendo concorrido sempre diretamente e sem nunca ter sido proposto pelo Estado português. Todos os interessados podem fazer o mesmo que eu fiz (a informação está disponível em  www.epso.eu).

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2. Em que âmbito se inscreve a política do CEI? Como se processa o apoio a investigadores à escala local?

O CEI é uma das componentes do Horizonte 2020 (H2020), o maior projeto mundial de ciência e inovação. A nível local, existem os fundos que são geridos diretamente pelos Estados-membros e os que são geridos por Bruxelas. As bolsas, com uma duração de cinco anos, estão destinadas a cientistas de topo. […] Perto de nós, temos três bolsistas na Univerdidade do Minho e, pelo menos, que eu saiba, há uma cientista de Barcelos no Reino Unido. Além disso, há bolsas para jovens investigadores com doutoramento e com dois a sete anos de experiência, assim como existem bolsas para os investigadores consolidarem as suas carreiras e outras para investigadores já estabelecidos. Os montantes variam de 1 (milhão) a 2,5 milhões de euros durante cinco anos.

3. Por falta de apoios, estão a sair muitos cérebros de Portugal. Como vê esta realidade?

Sim, é um fenómeno antigo. Também Camões e Damião de Góis saíram de Portugal.

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[…] Há portugueses com muitas qualificações a saírem de Portugal. Todos são importantes e lamento que alguns tenham de sair por necessidade, e não por vontade. A emigração em massa começou, lembre-se, nos anos sessenta, […] mas a visibilidade do fenómeno é que é recente, existindo, no meu modesto ponto de vista, a perceção errada de que agora só emigram doutores, enfermeiros e engenheiros. Não é a realidade que vejo no terreno.

4. Que fundos comunitários existem para apoiar projetos de investigação?

O principal instrumento de apoio à investigação e inovação é, claramente, o H2020, com 80 mil milhões de euros, o que representa, sensivelmente, o orçamento total (por ano) do Estado português. Há uma parte de fundos regionais que também serve para esse efeito, mas é uma área que não conheço bem. O que sei é que o CEI, com 13 mil milhões de euros, representa 17% daquele montante. Existem, ainda, componentes como os Future and Emerging Technologies, as ações Marie Curie  e  European Research Infrastructures, entre outras iniciativas do H2020.

5. Porque é que muitos investigadores/cientistas europeus optam por países como Estados Unidos, Singapura, Canadá ou China? Os apoios na Europa não são suficientes?

Não concordo, acho que estamos a inverter a tendência. Hoje, os números indicam que o balanço é positivo para a Europa. Temos cientistas dos Estados Unidos em Portugal e noutros países europeus, e contamos com vários cientistas de todo o mundo instalados na Europa, inclusive japoneses e chineses. Aliás, as bolsas do CEI são para cientistas de todo o mundo poderem trabalhar no espaço europeu de investigação científica, o que não é o caso de outros programas nacionais ou regionais. […] Na verdade, os apoios nunca são suficientes, mas o H2020 é, repito, o maior projeto mundial de apoio à ciência e à inovação. […] De resto, a tendência é para aumentarmos o orçamento – o comissário Carlos Moedas propõe a duplicação dos fundos no próximo quadro comunitário.

 

Quem é Victor Alves Gomes

. É filho de portugueses de Arcos de Valdevez. Nasceu em França há 45 anos.

. Trabalha na União Europeia há 17 anos.

. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e possui mestrado em Estudos Europeus.

. Tirou licença de piloto profissional de aviões (soma 500 horas de voo).

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