Arte na Leira: Isabel Lima presta tributo à mulher da Serra d´Arga

Isabel Lima na apresentação dos seus modelos

A 18º edição Arte na Leira arrancou no sábado, 16 de Julho e pode ser visitada até 21 de Agosto.

Isabel Lima, artista convidada, abriu a exposição com uma manifestação artística e prestou tributo à mulher da serra d’Arga,

“(…) De duas ovelhas de uma leira de terra, de um punhado de sementes, elas extraem pela sua aptidão, pelo seu talento o enxoval e todo o bragal da sua família.”

A mulher da Serra d’Arga é, por via da regra, tecedeira…e junto da janela o seu tear, tem o aspeto decorativo de um atributo familiar como um cavalete de pintura.

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A tecedeira trabalha livremente como artista ao solto capricho da sua fantasia e do seu gosto, combinando as cores, contrastando os tons, variando os desenhos ao seu arbitro. Além de tecedeira é também fiandeira, sabe cardar, sabe espadelar e todos os processos porque passa a lã e o linho, desde a tosquia do carneiro à ceifa do linhal até à confecção completa da sua linda saia.

Ricamente vestida pelo trabalho que só ela executa desde a manipulação das matérias primas tomadas da matéria bruta até ao último ponto de costura não há em parte alguma mulher mais bonita do que a minhota vestida à lavradeira, como as descreveu Ramalho Ortigão:    

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

“(…) Prezo-me de ter visto mulheres e de ter reparado nelas em alguns dos sítios onde mais famosas se tornaram as legendas da formusura.”

“(…) Vi-as celebradas pela Arte nos melhores detalhes…vi-as nos próprios lugares onde vivem ainda as conterrâneas dos grandes tipos consagrados pela Arte…”

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Isabel Lima citou; que a relação entre a mulher o objecto roupa e o espaço tem a vantagem da sedução, porque possibilita outras visualizações, percepções e reflexões ilimitadas. Os animais, a leira, a relação da mulher com a paisagem e a forma como produz e mostra o seu trabalho tem relação com a arte contemporânea.

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A forte interacção entre Arte e Moda e a  ideia de apresentar moda em lugares inusitados, onde a arte prevalece como suporte de valores criativos, transmite um pensamento, uma sensação de moda conceitual ou conceptual.

Na abertura da exposição houve uma intervenção da artista convidada Isabel Lima, que citou a relação entre a mulher, o objecto roupa e o espaço e a forma como produz o seu trabalho com relação à arte contemporânea.

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A interacção entre Arte e Moda e a ideia de apresentar moda num lugar inusitado, onde a arte prevalece como suporte de valores criativos e culturais, transmite um pensamento e uma sensação de moda conceitual ou conceptual.

A cor – Lã urdida, saias brancas às listas pretas, castanhas ou azuis, cinzentas às riscas vermelhas, azuis, numa enorme diversidade de tons.

As formas –  camisas de grosso linho alvíssimo, mangas gargas, bordadas ou apanhados bizantinos no alto do braço, bordadas em entremeios, abertos no mesmo linho sobre os ombros, bordadas ainda a linhas de cores, à russa, nos canhões chatos, muito junto ao pulso, grandes colarinhos redondos, de renda ou de linho, com barra de folhos ou barra de renda.

O colete muito curto, redondo na cinta, levemente espartilhado, vermelho, cinzento ou preto, sempre guarnecido de uma larga barra de veludo  preto  lavrada no estilo de Utreque, ordinariamente pespontado numa espiga de ouro ou de prata.

Os  cós das saias são invariavelmente de linho branco, com meio palmo de largura, em pregas miudíssimas presas aos debruns encanados, pretos ou azuis.

Os aventais estreitinhos e curtos encabeçados em funéus de linho bordado a ores, são de sirguilha com soberbos bordados em ponto de tapete, nos mais ricos tons de escarlate e de azul persa.

Algibeiras pendentes da cintura a um lado em ampla  chat Elaine de pano, com aplicações policromas guarnecidas de lantejoulas.

Os lenços da cabeça, em toucado de diversas formas fazendo diadema sobre os cabelos afastados ao meio, já adotados no alto da cabeça,  envolvendo o rolo da trança sobre a nuca e caindo em duas pontas entre as espáduas, são ordinariamente vermelhos, de um magnifico vermelho ardente, de púrpura, ou de flor dos catos.

 Reinventar as memórias para perspectivar o futuro é o projecto de Isabel Lima, guardiã da Tradição,  onde no Minho, no alto da Serra d’Arga, até Nossa Senhora veste à lavradeira!

A exposição ‘Arte na Leira’, na Serra D’ Arga, Caminha, estará aberta ao público até 31 de Agosto.

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