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Arte na oitava evocação do Foral de Valdevez

  • A arte faz-nos passar da animalidade à humanidade.” A frase-senha, do artista, pintor e escultor arcuense António Aguiar, proferida no dia (14 de novembro) em que o mundo acordou em sobressalto, devido aos atentados perpetrados em solo francês, lançou (com ou sem essa intenção) o mote para a oitava realização do extenso programa de comemorações do Foral de Valdevez.

O alinhamento tripartido – inauguração do elemento escultórico evocativo dos 500 anos do Foral de Valdevez, abertura da bienal D’Art-Vez e espetáculo “reEncontros” – foi todo ele dominado pela arte.

Concebida pelo mestre José Queiroz de Barros Aguiar (Queiroza), a escultura, que passa a adornar a Rotunda junto às escolas, evoca o Foral de Valdevez, marco histórico doravante estampado na toponímia arcuense. A peça, em bronze fundido, cuja reprodução foi executada por António Aguiar (filho daquele vulto da cultura arcuense), com um misto de “orgulho” e de “saudade” (esta em dose maior nas palavras do próprio), realça a figura humana como símbolo “abrangente” e “simultâneo” do rei D. Manuel I e de todos os arcuenses. Na mão esquerda, o monarca/arcuense “segura o documento do Foral”.

Por sua vez, o plano vertical simboliza o espaço territorial de Arcos de Valdevez com a nomenclatura original das 44 freguesias existentes em 1515, por um lado, e as “descobertas portuguesas do século XVI”, por outro. Paralelamente, este elemento constitui uma “homenagem à emigração e à diáspora arcuense.”

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A escultura, com seis metros de altura, “é trespassada por um mastro, que representa o tempo, ou seja, o eixo da terra (o dia, a noite e o movimento de rotação da terra”), forma de evocar os 500 anos de existência de Arcos de Valdevez após a outorga do Foral. E a bola (esfera), gravada na base, simboliza Portugal e Arcos de Valdevez no “globo terrestre”.

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Por fim, a linha curva da peça representa metaforicamente o “conhecimento” que, materializado no espaço e no tempo, “torna eterno o ser humano”, descreveu António Aguiar.

A propósito, com a finalidade de transmitir conhecimentos identitários do ser arcuense e dos valores a ele inerentes, decidiu o Município colocar a escultura nas imediações das escolas, “espaços onde se aprende e onde é reafirmado o orgulho arcuense”, disse João Manuel Esteves.

Feita a inauguração da escultura, com descerramento da placa, na presença de muito público, procedeu-se, depois, na Casa das Artes, à abertura da bienal D’Art-Vez. Nesta edição, os 64 artistas plásticos participantes, que acederam ao desafio da organização, criaram individualmente uma obra artística em conjugação com textos dos últimos cinco séculos. Deste trabalho resultou uma bem-conseguida experiência visual, numa elogiada manifestação de arte conjunta, que estará patente ao público até 31 de janeiro de 2016.

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O terceiro “andamento” artístico coincidiu com o espetáculo “reEncontros”, criação de Miguel Fernandes e Gil Milheiro, em parceria com o Grupo de Estudos do Património Arcuense (GEPA), que também ajudou a selecionar os textos compilados no catálogo D’Art-Vez. Segundo Artur Bivar, presidente do referido Grupo de Estudos, estas ações complementares inscrevem-se na missão do GEPA, pois, tal como determinam os estatutos deste, é sua “finalidade [proceder ao] levantamento do património cultural, artístico e cultural do concelho, com vista ao seu estudo e divulgação.”

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O projeto musical, fortemente ancorado no “misticismo” do rio Vez e no seu “fluir” em sons, imagens e palavras, conjugou música instrumental, poesia recitada e canções com letras de autores arcuenses (Albertina Fernandes, António Cacho, António Ribeiro, Diogo Bernardes e Nurmi Rocha). Saliente-se, pelo meio, a leitura de poemas/textos de outros autores da terra como Carlos da Cunha, José Terra, Orlando Codeço, Tomaz de Figueiredo e Virgílio Amaral.

Esta realização artística abarcou a produção de um CD, que está incluído no volume D’Art-Vez, reunindo 15 músicas originais inspiradas nos referidos textos e à volta de cinco temas (Reencontro, Do Rio…, Torneio, Reflexos do Vez e Foral), músicas que integraram o alinhamento do espetáculo no sobrelotado Auditório da Casa das Artes.

Dentro e fora dos bastidores, ficou a certeza de que a edição D’Art-Vez’2015 conseguiu “casar” na perfeição as artes “irmãs” da poesia, da música e da pintura, encerrando um exercício de dialética entre a História e o rio Vez, “fio condutor” da performance.

“Se o Foral [de Valdevez] deu unidade administrativa e territorial a esta região, o [rio] Vez deu-lhe unidade estética, afetiva e existencial”, sintetizou Manuela Melo, citando Albertina Fernandes.

 

 

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