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AUTARCA DE COSSOURADO E LINHARES CRITICA CÂMARA DE COURA POR FALTA DE OBRAS

Amândio Pinto

O presidente da União de Freguesias de Cossourado e Linhares, em Paredes de Coura, diz que a Câmara de Paredes de Coura pouco ou nada fez, nos últimos anos, nas suas freguesias. Numa entrevista em que aborda também o seu futuro político, que pode passar por uma candidatura a outra freguesia ou à própria Câmara courense, Amândio Pinto fala igualmente da sua rotura com o PSD, partido pelo qual foi eleito em 2009 e em 2013, mas admite voltar a concorrer a eleições novamente com o apoio dos social-democratas.

Em 2009 Amândio Pinto roubou a Junta de Freguesia de Linhares ao Partido Socialista. E desde então que tem andado nas bocas do povo. Do da sua freguesia (ou freguesias, agora), mas também do povo de outras paragens. O plano de acção que implementou quando chegou à junta, surpreendeu, com a dinamização dos baldios e a implementação de um Plano de Gestão Florestal, mas também com a distribuição de porcos aos habitantes da freguesia e outros apoios ao nível social e agrícola. Continuou a surpreender quando, quatro anos volvidos, mercê da união de freguesias, rouba Cossourado, outro bastião socialista, para as hostes do PSD. Pelo meio a sua projecção política, chegando mesmo a ser apelidado de “delfim” de Décio Guerreiro, histórico do PSD courense que o levou na sua lista concorrente à Câmara de Paredes de Coura. Independente, em quarto lugar, mas com honras de “Ás de trunfo”.

Mas Amândio Pinto é igualmente conhecido por não poupar nas críticas quando tem de criticar. Isso mesmo aconteceu recentemente, com o autarca de Cossourado e Linhares a utilizar as redes sociais para criticar a Câmara de Paredes de Coura, que acusa de pouco ou nada fazer naquelas duas freguesias. “Foi feito em Linhares, em 2015, um caminho que foi pedido no último mandato do “Mineiro” (Manuel Fernandes, presidente da junta até 2009). E não foi no último ano do mandato”, alerta Amândio Pinto, criticando o esquecimento a que Linhares parece ter sido votado por parte dos responsáveis autárquicos.

“Estamos a falar de sete anos, sete anos em que a Câmara Municipal de Paredes de Coura fez um caminho, que já era pedido pelo anterior presidente e a que eu dei seguimento”, explica o actual presidente da união de freguesias de Cossourado e Linhares, que acrescenta que foi também feito um ponto de água no Monte do Carvalho. “Foi o último ponto de água a ser feito no concelho, naquela que é a zona mais perigosa de Paredes de Coura em termos de incêndios. Devia ter sido o primeiro. E foi feito com dinheiros comunitários, o investimento da Câmara foi zero”, remata Amândio Pinto, para demonstrar o alheamento a que a freguesia de Linhares foi sujeita. “Se aos meus sete anos de presidente de junta juntar os últimos quatro do “Mineiro”, são 11 anos em que não vi obra nenhuma da Câmara feita em Linhares”.

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Criticas que o levam a considerar que “Linhares tem sido prejudicada” por parte da Câmara. E que se tornam ainda mais pertinentes quando se compara a situação desta freguesia com a de Cossourado que também passou a ser, entretanto, gerida por Amândio Pinto. “O dinheiro transferido para Cossourado no período de 15 dias (logo após as eleições de 2013, que ele venceu) não chegam os últimos 11 anos de Linhares para igualar”, refere o autarca, explicando que “numa semana foram transferidos 70 e tal mi euros para a Junta de Cossourado, que foram gastos à velocidade em que se queima um fósforo. Entraram e saíram”. Dinheiros que estariam relacionados com o pagamento de obras feitas naquela freguesia no mandato da sua antecessora, comparticipadas por fundos comunitários, mas em que é preciso entrar ainda com a parte não comparticipada. “Mas há freguesias que têm de pagar o resto, e há freguesias que são financiadas pela Câmara”, ataca o presidente da União de Freguesias de Cossourado e Linhares.

 

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Coura nunca lucrou muito com os partidos

As críticas de Amândio Pinto estendem-se também, de forma generalizada, à vida política. O autarca de Cossourado e Linhares foi eleito (em 2009 e 2013) com o apoio do PSD e fez também parte da lista social-democrata concorrente à Câmara nas últimas autárquicas, mas pouco tempos depois vieram a público as divergências entre Amândio Pinto e as estruturas partidárias daquele partido, nomeadamente a nível distrital, mas também a nível concelhio.

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Aliás, ainda na última edição demos conta de algumas dessas divergências, por causa da possibilidade do presidente da união de freguesias de Cossourado e Linhares poder vir a assumir o lugar de vereador na Câmara de Paredes de Coura, como consequência da rotatividade de vereadores do PSD naquele executivo. Quando confrontado com a possibilidade de vir a substituir uma das duas vereadoras do PSD (Helena Ramos e Janine Azevedo Soares) nas reuniões de câmara, Amândio Pinto é peremptório a afirmar que não está disponível para ocupar o seu lugar na vereação, tendo em conta que é o nome que se segue na lista de candidatos do PSD.

“Estou em quarto, imagine que por qualquer razão era preciso eu entrar… tinham de ir ao quinto da lista”, garante o presidente da união de freguesias de Cossourado e Linhares, recordando o compromisso assumido com os eleitores da união na campanha eleitoral de 2013. “Prometi-lhes que nunca abandonaria o meu cargo na junta de freguesia, fosse por que cargo fosse na Câmara Municipal”, acrescenta o autarca. Apesar disso reconhece que, a nível político, seria muito vantajoso começar a marcar o seu espaço na Câmara. “A nível pessoal, se eu prometi à freguesia que nunca sairia para a Câmara…. Candidatei-me a presidente da junta”, refere Amândio Pinto.

Mas as divergências com Partido social Democrata vão mais longe, e vêm de mais longe. De há cerca de um ano, melhor dizendo, altura em que Amândio Pinto anunciou publicamente estar afastado de todas as estruturas do PSD, quer a nível do partido, quer enquanto representante na Assembleia Municipal, onde tem assento por inerência do cargo, tendo optado pelo estatuto de independente naquele órgão político. “Só estive como militante do PSD durante 15 dias”, explica, concluindo que o seu desencanto com o partido se fica a dever ao facto de ter percebido “que Paredes de Coura nunca lucrou muito com a ligação aos partidos. E isto tanto a nível do PSD como do PS”, clarifica.

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“Nunca houve a coragem de Coura reivindicar junto dos partidos as principais necessidades do concelho”, refere Amândio Pinto, adiantando que sentia que “o que era aclamado pelos representantes do PSD em Coura”, não era acatado pelas estruturas distritais. A gota de água, explica, terá sido o facto de, aquando da auscultação da concelhia social-democrata com vista a incluir obras no plano plurianual de investimentos ao nível da rede viária nacional, não existir nenhuma obra em Paredes de Coura, apesar das indicações dadas nesse sentido. “Paredes de Coura, até 2020, não era contemplado com nada”, critica, explicando que havia a consciência de que existiam obras necessárias. “Qualquer dos partidos (PSD e PS) fez chegar às distritais a informação que havia obras necessárias para Paredes de Coura. E tanto eram necessárias que chegamos ao ponto de a própria Câmara ver-se na obrigação de recorrer a fundos comunitários para fazer essas obras (ligação à A3)”. “É uma medida corajosa, mas só prova o quanto, tanto ao nível do PS, como ao nível do PSD, o concelho não tem sabido marcar posição”, refere o autarca de Linhares e Cossourado.

 

Futuro passa por outra freguesia… ou pela Câmara

Questionado sobre o seu futuro político, Amândio Pinto informa que não passa pela União de Freguesias de Cossourado e Linhares. Já há tempos o autarca tinha anunciado essa sua intenção nas redes sociais. Está a ter a preocupação de deixar no seu lugar alguém que dê continuidade ao trabalho desenvolvido, desde 2009 em Linhares, desde 2013 também em Cossourado. Apesar disso, refere, “tenho a certeza que, venha quem vier, a população saberá sempre exigir o seguimento do trabalho feito”.

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Um trabalho que, reconhece o próprio, faz escola noutras freguesias. “Neste momento o meu trabalho tem continuidade, inclusivamente noutras freguesias”, refere Amândio Pinto, adiantando que soube ver, nas últimas eleições autárquicas, “as alterações que houve nas propostas das diferentes freguesias, que hoje em dia dão apoio escolar e consultas médicas e de enfermagem e que estão a procurar a gestão dos baldios”. Isto apesar de considerar que, no trabalho que fez em Linhares, “não houve inovação, simplesmente ouvimos a população”, explica, referindo que foi feito um diagnóstico de necessidades “e em função desse diagnóstico e do que tínhamos disponível avaliou-se o que era possível fazer”.

O seu futuro político, contudo, não passará pela continuidade em Linhares e Cossourado. Isso mesmo adiantou, explicando que esse futuro “pode passar por outra união de freguesias”. À pergunta óbvia (qual união?), o autarca responde que não nasceu em Linhares, que já morou em Formariz e que passou a maior parte da sua infância na vila, deixando em aberto qual o seu destino. Além disso, acrescenta, o futuro “pode passar por outro projecto mais ambicioso”. E de novo outra pergunta, óbvia: pode passar pela Câmara? A resposta, pronta, de Amândio Pinto, foi uma apenas: “pode!”. E mais, explica, pode ser novamente com o apoio do PSD. Mesmo depois da rotura com as estruturas partidárias.

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