Editorial

BANCOS, POLÍTICOS E FINANÇAS PÚBLICAS
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

Sigam o rasto do dinheiro e deixem de acreditar em árvores das patacas, lâmpadas de Aladino ou amigos maravilhosos sempre disponíveis para ofertas milionárias. As verbas em causa devem ser encontradas e devolvidas aos portugueses, os únicos prejudicados no meio desta barafunda infame. 

É de lamentar que o comum cidadão português vá subsistindo sem dinheiro, com tantas dúvidas sobre quem dirige o seu país. Depois de pagar milhões em dívidas, continua durante vários anos à espera que seja feita justiça.

Mas mais grave ainda é que com a alegada chuva de processos judiciais, as pessoas receiam cada vez mais votar porque não sabem em quem acreditar.

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Esperemos que não surjam mais: truques, adiamentos, mudanças de juiz ou outras situações que possam precipitar os Tribunais com algo surreal.

Nós temos uma justiça verdadeira, séria e muito trabalhadora. Mesmo com apoio humano insuficiente para dar seguimento aos processos, desrespeitando o seu trabalho e sem a segurança necessária para que tudo possa correr dentro do indispensável, eles lá vão conseguindo concluir a justiça possível.

Como devem calcular, estamos a referir-nos ao julgamento da “Operação Marquês”. Já existem 19 dos 28 arguidos a tentar escapar ao julgamento. Pediram esta fase instrutória alegando que o processo sofre de:

– Distribuição ilegal e manipulada;

– Recolha ilegal de indícios;

– Insuficiência do inquérito;

– Acusação infundada e insuficiente e;

– Falta de competências.

Todos são inocentes até prova em contrário. Desde julho de 2013 que o Ministério Público procura encontrar provas ou indícios para justificar os processos da Operação Marquês.

Estão acusadas 19 pessoas e 9 empresas.

Os alegados crimes vão desde: corrupção ativa e passiva, centenas de ilícitos económico-financeiros, falsificação de documentos, fraude fiscal e fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais, abuso de confiança, peculato e detenção de arma proibida. Incluindo ainda que o principal arguido, José Sócrates, recebeu alegadamente 34 milhões de euros entre 2006 e 2015 por favorecer: interesses,  negócios e garantir a concessão de financiamentos da Caixa Geral de Depósitos.

Calculamos que a generalidade das pessoas estariam desconfiadas de que algo de muito grave teria acontecido nos movimentos económicos do país para ficarmos repentinamente de “tanga” como afirmou Durão Barroso quando assumiu durante alguns dias a responsabilidade de Primeiro Ministro de Portugal. Foi a partir desse momento que o país se precipitou velozmente na “banca rota” pois afirmações dessas só poderiam causar graves danos à Nação.

Mas o que assusta mais os portugueses é o facto de indivíduos galardoados com distinções atribuídas a quem se salientou pelo seu valor patriótico, estão incluídos no rol de arguidos.

Por exemplo:

 – Henrique Ganadeiro que todos conhecemos profissionalmente, recebeu em 10 de junho de 1979 a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, atribuída pelo então Presidente da República Ramalho Eanes;

– Armando Vara recebeu a Grã-Cruz com Banda da Ordem da Águia Azteca do México em 23 de Março de 2000 e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal em 21 de abril de 2005 pelo então Presidente Jorge Sampaio. Foi deputado, vereador, Presidente da Câmara, Adjunto do Primeiro Ministro, Secretário de Estado e Ministro. Fez tantas e tão poucas que de momento se encontra a cumprir 5 anos de prisão no âmbito do processo “Face Oculta”. Vamos ver o que vem a seguir, pode estar inocente!

– José Sócrates recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal em 21 de abril de 2005 por Jorge Sampaio, 1ª Classe da Ordem da Estrela Branca de Estónia em 20 de fevereiro de 2006, Grã-Cruz da Ordem da Estrela da Jordânia em 28 de maio de 2009, Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real da Noruega em 25 de setembro de 2009, Grã-Cruz da Ordem de Mérito do Chile em 31 de agosto de 2010, Grã-Cruz da Ordem de São Gregório Magno do Vaticano ou da Santa Sé em 3 de setembro de 2010, Grã-Cruz da Ordem Pro Merito Melitensi da Ordem Soberana e Militar de Malta em 23 de novembro de 2010 e Grã-Cruz da Ordem da Coroa de Carvalho do Luxemburgo em 6 de dezembro de 2010. Foi Primeiro Ministro entre 2005 e 2011, Ministro entre 1999 e 2002, Adjunto do Primeiro Ministro entre 1997 e 1999 e Secretário de Estado entre 1995 e 1997. Foi fundador da Juventude Social Democrata e só depois se inscreveu no Partido Socialista.

– Hélder Bataglia recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal em 8 de junho de 2007 e a Ordem do Mérito Empresarial pelo Presidente da República do Congo em 13 de agosto de 2007. Industrial de farinhas de peixe em Angola vem como retornado para o Norte do país onde exerce a função de intermediário em negócios com o Médio Oriente e com a URSS. Em 1991 entra no Grupo Espírito Santo para criar o ESCOM que se envolve na escandalosa compra dos submarinos, pelo Governo PSD-CDS à German Submarine Consortium (GSG). Com a ESCOM também desenvolve negócios em Angola, na Sonangol e na China. Por fim cria a ONG, empresa ligada ao ensino para atuar em Moçambique e em Angola e como acionista no investimento de Vale do Lobo no Algarve.

– Zeinal Bava recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial em 9 de junho de 2014 pelo Presidente da República A. Cavaco Silva, no mesmo ano foi nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade da Beira Interior, em 2009 foi o melhor CEO na área do investimento, em 2010 no setor das telecomunicações da Europa, em 2011 no setor das telecomunicações em Portugal, em 2011 também melhor líder em empresa privada pelo BEST, em 2012 novamente melhor CEO do setor da comunicações em Portugal, entre outros prémios menos importantes. De 1996 a 1998 foi diretor executivo e de relações para Portugal de várias empresas estrangeiras em Londres e Madrid. Entra para a PT em 1999 com algumas funções diretivas passando a CFO do Grupo PT entre 2000 e 2006, até 2008 teve várias posições de topo. Foi nomeado Presidente Executivo da PT em 2008, reeleito em 2012 e lá ficou até 2014 embora tenha acumulado vários cargos no Brasil incluindo: na Telemar, Tele Norte, Grupo Oi, na Contax e na CTX. Esteve envolvido em 2015 no inquérito parlamentar à crise do Banco Espirito Santo e agora é um dos implicados na Operação Marquês.

É o panorama do apoio político dado apenas a 5 dos 19 implicados nos prejuízos causados neste caso. Agora imaginem como será e onde andarão as restantes verbas desviadas dos cofres de todos nós.

Que joguem na roleta da Bolsa, façam investimentos, armados em milionários entendidos no assunto, é lá com eles, mas não com o nosso dinheiro. Pelo menos respeitem os sacrifícios dos cidadãos. Temos um dos níveis de vida mais baixos da Europa.

Quando estas coisas correm bem os lucros vão sempre parar aos bolsos desses senhores, mas quando acaba mal somos nós a pagar a conta. Estamos cansados de tanta malandragem.

Durante quantos mais anos terão os portugueses que continuar a pagar as dívidas provocadas por todos estes prejuízos?

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