Editorial

BEM PODÍAMOS APRENDER COM ESTA MIÚDA SUECA
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Joaquim Letria

Joaquim Letria

Professor Universitário

Quatro meses depois de ter recebido um milhão de euros do Prémio Gulbenkian para a Humanidade Greta Thunberg já doou metade.

Com critério, informação e seriedade, a fundação da jovem escandinava e quem a assiste a gerir a sua organização têm ajudado quem precisa e vão estudando os próximos actos de molde a contribuir para diminuir as necessidades e as injustiças pelo mundo fora.

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Foi assim que já atribuíram e entregaram 500 mil euros em quatro meses a quem, em seu entender, os merece, neste caso a uma dezena de organizações não governamentais que se dedicam seriamente a causas ambientalistas e humanitárias em diversos pontos do globo com particular incidência no hemisfério Sul.

A Campanha SOS Amazonas, promovida pela Fridays For Future Brasil e a Stop Ecocide Foundation, que se dedicam ao combate ao COVID 19 na Amazónia e a tornar o Ecocídio um crime internacional, foram as duas primeiras ONGS apoiadas pela Fundação Greta Thunberg com 10 mil euros cada uma.

Um valor equivalente foi dividido pela BRAC Bangladesh, a Goonj, a Action aid India e a Action Aid Bangladesh que ajudam milhares de desalojados nas regiões afectadas pelas inundações. Em África três outros movimentos receberam auxílio da Fundação Thunberg: a Red Cross, a Red Crescent, a Oil Change International e a Solar Sister, as quais dividiram 150 mil Euros para projectos de apoio a comunidades afectadas por catástrofes climáticas, outros de energias renováveis e de formação de mulheres que estão a criar empresas movidas a energia solar na Tanzânia e na Nigéria.

Para a Fridays For Future das Maurícias Greta doou 10 mil euros de modo a poderem adquirir equipamento para remover as enormes manchas de crude derramado no Verão passado pelo cargueiro japonês que encalhou ao largo daquelas ilhas provocando um desastre ecológico.

A jovem sueca não se cansa de repetir que “as mudanças só acontecem se continuarmos a pressionar, se continuarmos a ser muito, muito incómodos e não deixarmos de repetir as coisas vezes e vezes sem conta”.

A verdade é que esta miúda sueca de 17 anos e quem a acompanha conseguiram chamar a atenção do mundo e prestar ajuda a quem precisa, sempre atenta  e a lembrar que “a mudança do sistema e a mudança de comportamentos são duas faces da mesma moeda”.

Ao ver este exemplo, trabalho, contas prestadas e claras, utilidade, serviço, organização, seriedade e eficácia lembro-me da vergonha, entre muitas outras,  que cobre o nosso Estado e algumas autarquias nos fogos de 2017, com más contas, desrespeito por  quem precisa e ausência de seriedade. Cá só ouvimos falar de milhões ainda que depois não saibamos onde param. A Fundação Thunberg distribui aos milhares para serem bem empregues e sem possibilidade de alguém os abarbatar. Bem podíamos aprender com esta miúda  de 17 anos…

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