Bicadas do Meu Aparo: As competências e o caos

Escritor d’ Aldeia

 

No meu tempo de rapazito já sabia que para ser funcionário público era preciso estudar para fazer a quarta classe. Desse modo os pais mais ambiciosos e com algum sacrifício económico incentivavam os filhos para a escola, porque, “mais tarde e com a quarta classe arranjariam um bom emprego, seriam uns grandes homens”. Assim era.

Pelo que se deduz, “tirar a quarta classe” no meu tempo era ser (já) meio doutor.

Recordo ainda a história de Portugal, que era estudada desde o início de Portugal até à prisão do Gungunhana.

Então decorei que no início deste Portugal, D. Afonso Henriques foi o maior, grande lutador, porque na mira da sua acção, do seu governo, era essencial a independência nacional e a conquista de território, que conseguiu: a conquista de várias cidades que hoje compõem o país. D. Afonso Henriques conquistou!

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Umas centenas de anos mais tarde, Portugal teve outro grande homem: O Cardeal Rei D. Henrique, que embora débil fisicamente, com ambições do poder a minarem-lhe a acção, expandiu Portugal e com a sua morte teve o país de suportar os Filipinos. Mas, o Cardeal expandiu Portugal!

Também umas dezenas de anos mais tarde voltamos a ser premiados com outro grande na vida nacional, embora com erros cometidos: O Marquês de Pombal! E então, a partir de 1770, organizaram-se as vinhas do Alto Douro, Colégios, reformas Universitárias, escolas da instrução primária e secundária por todo o Império Português, bem como foi um dos grandes no “modo de arrecadação dos impostos”, isto é, ele entendia que quem liquidava impostos não podia cobrar impostos. Esta última norma somente foi alterada à pouco mais de uma década. Ora o Marquês de Pombal revolucionou a educação, educou!

É evidente que muitos mais, grandes homens, teve Portugal e, é impossível falar de todos! Tivemos no recente fim do século homens de valor, de competências diversas, sobretudo nas áreas empresariais de que também não esqueço e passo à frente.

Quem esquece uma Amália Rodrigues que honrou Portugal, o deu a conhecer a todos os cantos do mundo, onde não há estrangeiro que não pergunte onde se pode ouvir “fadô”? Quem desconhece um Salgueiro Maia que libertou Portugal no 25 de Abril, de incompetências, de silêncios e de isolamentos cercados por teias de aranha e de injustiças sociais?

Sendo assim, Deus meu!, porque se “reconhece uma tristeza estampada no rosto das pessoas,(…) porque os problemas são inúmeros e o futuro gera muita perplexidade e temor”, como afirmou D. Jorge Ortiga!? Quem pode “falar de alegria e apontar caminhos de alegria” conforme pediu também, nesta hora que passa?

Conforme os anteriores portugueses citados foram conquistadores, expandiram, honraram e libertaram, que foram José Sócrates e Passos Coelho em Portugal? Destruíram o país, criaram o caos!

Dispenso-me de apontar os caminhos trilhados por José Sócrates, porque os leitores conhecem-nos. Quanto a Passos Coelho, basta informar o que o engenheiro Mira Amaral, um dos primeiros líderes do PSD, disse em Barcelos: este governo – que era um governo do seu partido – “apenas quis resolver os problemas da dívida de Portugal com os cortes nos salários dos funcionários e dos saques feitos aos aposentados da função pública”; “não cortou nas benesses de tantas instituições, de despesas supérfluas no aparelho do Estado e limita-se a sacrificar a quem não tem culpa da sua teimosia, da sua insensibilidade”.

E no meio de todas as competências de outrora e do caos efectuado por estes destruidores, que fez o Presidente (de então), Cavaco Silva, para atenuar as brechas físicas dos portugueses, que ainda hoje – tempos Costistas –  não encontram linhas e agulhas capazes, que as ajude a remendar os rasgões sofridos?

Teria feito Cavaco Silva o seu melhor? Terá sido um verdadeiro intérprete do sentir dos portugueses em relação à austeridade caótica que nos impuseram? Foi, então, este órgão de soberania – a presidência da República – verdadeiramente respeitado na hora vivida, ou será que já foi julgado e castigado pelos portugueses? Na verdade viveu-se num autêntico palco, onde a tristeza foi diária e que connosco ressonou

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Sente-se, por isso mesmo, no agir das pessoas, que nestas duas décadas do presente século, tudo vai complicado. Os grupos do dinheiro são reis e senhores nesta pradaria de escravos: vencem sem convencer, compram o invendável e é sempre o justo que paga as incompetências, o caos.

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

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