Escritor d’ Aldeia
Nos meus cerca de trinta meses de vida militar, obrigatória, em Moçambique, fiquei conhecedor de usos e costumes do povo indígena, do seu modus vivendi, dos seus anseios e da muito pouca preocupação que tinham pelo futuro.
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Na verdade, a uma verdade se chegava: esta gente, desde que tivesse uma bicicleta, um rádio, uns óculos e sexo em abundância, tudo estava bem. Os feijões eram recolhidos da horta imediatamente antes de serem cozinhados e a mapira era pisada no pilão enquanto os feijões coziam.
Se os indígenas moçambicanos são como acima se afirma, que podemos dizer ou concluir de como somos nós, portugueses?
Parece-me, salvo melhor opinião, que somos de certo modo, semelhantes: desde que nos distribuam uns rebuçados, desde que nos elogiem e nos sirvam um caldo verde com tora, o futuro dá-nos pouca preocupação.
É verdade em qualquer sociedade haver os interesses colectivos e os individuais. Nós portugueses, estamos bem longe desse colectivo. A democracia, empurra/convida o cidadão para que consuma cultura política. Entre nós “a política é para os políticos”: não conhecemos os programas políticos, votamos segundo a “pressão” dos média ou votamos segundo as falinhas mansas dos candidatos.
Os portugueses desconhecem a fraternidade, a justiça social e depois escolhem as maiorias absolutas como resultados eleitorais. Votam. Como o boi, caminham para o matadouro sem saberem para o que vão.
Pelo que, depois, temos a agitação social, as greves sem rei nem roca, o poder pelas ruas, os saques nas instituições, nos direitos do trabalho e até saques se fazem nos vencimentos dos pensionistas do Estado, que são, segundo a lei, intocáveis. Isto, fez Sócrates e Passos Coelho quando eram primeiros ministros e que ainda hoje não foram repostos por António Costa, conforme prometeu repor no início do “governo geringonça”.
Bicicleta, rádio e óculos de sol para Moçambicanos; rebuçados, elogios e caldo verde para portugueses. O futuro qu’importa?
Dessa forma, jogam-se os valores da democracia: temos os muito ricos e os muito pobres; existe uma classe média que rasteja, chora, sofre e sobrevive, quando é esta classe que é garantia de menos pobres, de mais justiça social e de mais saúde democrática.
Sendo estes os cenários e os palcos da vida e do pensar dos portugueses, não é de estranhar que o futuro não seja pensado/organizado, uma vez que temos políticos sem pinta, sem seriedade, sem honra e sem noção do que é estar ao serviço do Estado, dos eleitores.
PUBTemos políticos feitos nos aviários das televisões, na incultura universitária, na inveja e na ânsia do dinheiro fácil e do enriquecimento rápido e, dessa forma, minam a paz social, a esperança e a confiança nas instituições, bem como são os causadores das políticas extremistas e dos populismos que garroteiam ou esmagam.
Quem desconhece os resultados do 25/A/74? Não foi este acontecimento que, entre outros, veio desmascarar a incompetência dos novos líderes, do oportunismo/vingança da maçonaria e da fome de dinheiro fácil noutros dirigentes, bem como de ladrões do Estado a que temos assistido?
Que políticos temos a governar, sabendo-se que não há médicos de família para todos? Que não há controlo de preços para o consumidor, nesta crise que mata; não há habitação para quem quer viver minimamente digno; não há uma política de creches para bebés, que precisam crescer; não há justiça profissional para os professores que educam os nossos filhos e os preparam para a vida do amanhã; não há lares para idosos que precisam viver, quando foram os lutadores na sociedade de ontem e que pagaram os impostos que lhes foram exigidos; não há transportes públicos que bastem para quem não pode ter carro próprio, etc. etc.
Temos sim, ladrões. E roubar, é também não governar, não orientar, não planear, não fiscalizar, não pedir contas a quem vende cabritos e cabras não tem, não ouve os lamentos e gemidos do povo, não vê as injustiças e não sente o cheiro a podre, da democracia podre que se vende ao povo.
Democracia podre. Sim, podre democracia!
Temos tido um ou outro político, condenados por burla e corrupção. Por incompetência não. Temos José Sócrates, ex-primeiro ministro do PS que foi preso em Évora, à cerda de dez anos por vários crimes praticados durante as suas funções.
Há quem pense e já foi afirmado, que o partido socialista e o Governo de António Costa estão a fazer tudo para que Sócrates não seja julgado. Eu quero-o julgado, quero que pague o que deve à sociedade. Todavia, se é mau, Sócrates ainda não ter sido julgado e preso pelo que fez, pior é termos este primeiro ministro à solta, pela corda bamba em que colocou Portugal, iniciada no ano de 2015 com o “governo geringonça”.
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990).
1 comentário
Obrigaod. lUm belo Texto.. Confirmo pois tambem estive em Moçambique.. Lindo. Umabraço.