Bicadas do Meu Aparo: Morreu Mikhail Gorbachov

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Artur Soares

Escritor d’ Aldeia *

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O estadista e ex-presidente russo Mikhail Gorbachov, faleceu neste passado mês de Agosto de 2022.

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Estadista que, pelo que se sabe e se escreveu no mundo inteiro, nunca acreditou no comunismo imposto no seu país, apesar dos seus antecessores terem feito dezenas de milhões de mortos como fizeram.

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Gorbachov dava valor à liberdade que o seu país proibia e impunha pela força. O comunismo da União Soviética, distribuiu a fome, a destruição, a tortura, morte, roubos aos camponeses, perseguição.

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“O mundo sabe que as verdades provocam dor, desorientam, desnudam. E no mundo livre, qualquer cidadão tem o direito de pensar, de opinar (sem ofender) e muito mais direito/obrigação tem de apontar verdades, desde que evidentes ou provadas”. /In Pensamentos, de  2021, de A.S.)

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Alexandre Soljenitsin, que sofreu na carne o Arquipélago de Gulag, afirma que no gulag “todas as portas foram preparadas para nós (democratas)! Mas “há uma que se abre rápida e fatal, e que são quatro mãos brancas, masculinas, não habituadas ao trabalho, mas como garras, nos prendem pelas pernas, pelos braços, pelo colarinho, pelo boné ou por uma orelha e nos arrastam como um fardo, enquanto a porta fica para trás de nós; a porta da nossa vida passada, fechada para sempre”. “Você está preso!”

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As “amplas liberdades” que Álvaro Cunhal prometia aos portugueses após o 25/A/74, eram aquelas: nunca eleições legislativas em Portugal e fidelidade suprema à Rússia de Lenine, de Stalin e dos outros que lhes sucederam.

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Gorbachov, interrompeu o caminho do ódio, do poder cego, absoluto e criminoso: anunciou a liberdade e a democracia ao mundo, reatou o diálogo com os americanos, com o ocidente, fez cair o muro de Berlim e, da União Soviética, libertaram-se das garras comunistas quinze países como se sabe.

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Gorbachov morreu. O mundo reconhece o estadista pelos seus feitos, caminhando em democracia e, a democracia portuguesa, afirma-se pesarosa pela sua morte: “foi figura decisiva para a liberdade e a paz do mundo ocidental”; “ um homem que soube abrir a Rússia ao concerto das nações, ao diálogo e ao compromisso e que permitiu libertar as numerosas nações, ao diálogo e ao compromisso”; “Gorbachov foi político e líder russo e fazedor de pontes, capaz de contribuir para uma Europa livre”; “Gorbachev derrubou muros, construiu paz e abriu a liberdade a milhões de pessoas”.

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“O povo, todos os povos, têm o direito de saber, de analisar, de estudar a sua história, os seus destacados líderes, quer pela positiva ou negativa. Só desta forma se é povo, responsável e culturalmente livre”. (In Pensamentos, 2019, de A.S.)

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Jerónimo de Sousa, líder do partido comunista português, bem como todos os que lhe antecederam, não aceitam Gorbachov: condenam-no. Sempre condenaram a queda do Muro de Berlim, a liberdade e a democracia na Europa, bem como a independência dos países que Gorbachov permitiu. Eis a razão por que os Rosas, os Maneis Loff’s, as Catarinas e o “sofredor” Jerónimo de Sousa não condenam a invasão da Rússia à Ucrânia, com os milhares de mortos ucranianos já feitos e os milhões de refugiados,  nalguns países colocados e, outros, obrigados a permanecerem em território russo.

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Hitler, Vladimir Lenine, José Stalin (e mais ditadores) e Putin, acredito que foram e são criminosos de guerra. Duvido que os primeiros, tenham sido aceites pelo diabo no fogo dos infernos. Quanto a Putin, criminoso reconhecido por mais de 99% do povo de todo o mundo, caminhará para uma morte trágica, assim como os militares que o apoiam e lhe prestam vassalagem.

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Putin, descarado e louco, foi mais longe contra Gorbachov: não lhe concedeu no funeral honras de estado, não esteve no funeral e, atempadamente, diabolicamente, colocou-lhe flores na urna. Foi pena que Putin não tivesse convidado o português Jerónimo de Sousa para pôr flores também a Gorbachov e este, como que por milagre, ao sentir as flores dos dois, lhes pudesse desferir uns pontapés nas trombas. Mas era um milagre e a única verdade é que morreu Mikhail Gorbachov.

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* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.