BICADAS DO MEU APARO: O submarinista que não brinca em serviço

Escritor d´Aldeia *

 

Tem-se falado – e escrito muito mais – a respeito do cidadão, do militar, Henrique Gouveia e Melo, vice-almirante da Marinha portuguesa, para futuro presidente da República nas eleições presidenciais de 2026.

Gouveia e Melo, como todo o país sabe, foi o homem cognominado do “herói das vacinas”, cargo que desempenhou em substituição de um político que “não conseguiu dar conta do recado”.

O Almirante, militar de gema, que se diz apolítico, que testemunha desdém pelas “figuras sebastiânicas”, que se confessa “impiedoso com os malandros”, tem mostrado aos portugueses – quer na Marinha, quer na execução perfeita da vacinação por si organizada – que tem autoridade e que a sabe exercer, em prol de Portugal.

Gouveia e Melo, é admirado pelo que fez contra a pandemia, vacinando-se o povo. Não admira, pois, que olhando à simpatia que adquiriu, de camuflado sempre em riste, que haja milhares e milhares de portugueses que o querem na presidência da República. Segundo as sondagens há meses conhecidas, o Almirante ganhava as eleições.

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Faltam ainda quatro anos para eleições presidências (2026). É muito cedo ainda e o cenário das políticas pode mudar facilmente. Gouveia e Melo diz que não é político, não sabe ainda se se deve candidatar e como é costume, os candidatos a presidente da República, têm os apoios partidários. Mas será que o Almirante precisa de tais apoios? Em democracia, o povo é que manda.

Ainda a criança não foi feita – para o Almirante se candidatar – e já surgiram uns sabidolas a afirmarem que “em Portugal, os militares na presidência da República nunca foram admirados, pelo contrário”. Claro que tais afirmações são exageradas, pois tivemos o general Ramalho Eanes, democraticamente eleito, que foi bom presidente da República.

Sendo Gouveia e Melo apartidário ou não político, há uma certa esquerda política que iniciou a sua contestação, uma vez que é “impiedoso com malandros”. Ora se a esquerda política tem como ideologia “a igualdade e a distribuição”, Gouveia e Melo defenderá com toda a certeza a “liberdade e a produção”. Não suporta malandros.

Quem – por curiosidade, interesse e mesmo querendo combater o desejo do povo pelo Almirante – procurar reflectir, quem no momento presente o país tem para substituir o actual presidente, pouco ou nada se vê. Santos Silva do PS está viciado no poder e com o poder; Paulo Portas é um “irrevogável” e esteve metido no negócio dos submarinos adquiridos por Portugal à Alemanha e, enquanto na Alemanha um dos seus intervenientes no negócio valeu-lhe a prisão, Paulo Portas subiu a vice-primeiro em Portugal e desapareceu a documentação do referido negócio. Marques Mendes parece uma cópia do actual presidente: sorri muito, fala muito e sabe de tudo.

Sendo assim, perante um personagem que tem grande experiência em comandar homens, fragatas, submarinos e agora este processo de vacinação que organizou contra a pandemia do covid-19, parece que deve aceitar ser presidenciável, uma vez que até é um homem que rejeita malandros, que não brinca em serviço e que o país precisa.

Outra questão ou caso, se pode reflectir quanto ao militar Gouveia e Melo. É sabido que Portugal não reconhece Olivença, no Alentejo, como pertença espanhola, província que em devido tempo a Espanha ficou de devolver a Portugal. Salazar quase teve a devolução de Olivença, mas a II grande guerra travou a devolução. O general Humberto Delgado – o homem sem medo – nas eleições presidenciais de 1958, disse que se ganhasse as eleições iria tudo fazer para devolver Olivença a Portugal.

Assim sendo, Olivença é Portugal. E Gouveia e Melo, militar, poderá acontecer que este vertical português – já que nos últimos mais de 50 anos, não tivemos que militares e civis da política tivessem sentido de Estado e de Portugalidade – possa, como presidente da República portuguesa, tudo fazer para devolver Olivença a Portugal. Deus e o tempo, o dirão.

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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