Bicadas do Meu Aparo: Onde está o Zeca Afonso?

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Artur Soares

Escritor d’ Aldeia *

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No tempo da Troyca em Portugal, chamada por José Sócrates, para ajudar a governar o país, e depois agasalhada por Pedro Passos Coelho, que foi um rigoroso subserviente dessa força económica, entre muitos cortes que se anunciavam era os mais de trezentos Observatórios distribuídos do Minho ao Algarve, ramificações do Estado e com pessoal considerados funcionários públicos.

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Estes, desconhecia-se quanto ganhavam e como tinham sido ali colocados, isto é, porque porta entraram.

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Diz-se que de tantos Observatórios existentes, apenas se justificam uns trinta, porque são os que se sabe terem alguma utilidade. Mas os tempos mudam e nesta data, dois Observatórios era imperioso existirem: o Observatório de todos os Lares de Idosos e o Observatório da fiscalização de todos os Lares.

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O primeiro, porque é necessário ver-se o que se passa nessas casas: como atendimento individual, vigilância e ambiente de paz e de fraternidade. O segundo Observatório, para que a fiscalização actuasse: como fiscalizar responsabilidades técnicas, profissionalismo adequado, desvios económicos e alimentação minimamente digna.

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Como o leitor já deve saber, praticou-se homicídio num lar de idosos no Algarve, com uma senhora de 86 anos de idade. A senhora apareceu morta e revestida de milhares de formigas. Houve negligência grave, abandono total e faltou o dever de vigilância. As funcionárias do lar são doze e os idosos sessenta e três. Foi uma destas funcionárias que filmou o caso e o deu a conhecer ao Ministério Público, muito antes da velhinha morrer.

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Este Lar, como foi noticia nos primeiros meses da covid 19, foi o primeiro lar do país a ter mortos por covid, acontecimento que se estendeu a todo o Algarve e ao país. Mas pergunta-se: o Lar de que falamos não tem presidente de Direcção do Lar? Onde se localiza o Lar, não existe uma Junta de Freguesia? A Segurança Social não tem “nada que ver” com esta Casa de Idosos? Por que razão só existe no referido Lar uma enfermeira para atender 63 idosos, chegando-se aos pontos da velhinha ter concentrado nela, milhares de formigas que lhe sugavam o líquido das feridas que possuía?

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Bom. Mediante tantas misérias deste género, tanto desinteresse por parte das instituições que têm obrigação de zelar pelo bem-estar dos idosos, compreende-se melhor o Estado e os políticos que o compõe. Os idosos dão despesa: é necessário pagar-lhes as reformas/pensões e há necessidade de perder tempo com eles. Logo, a urgência da lei da eutanásia, que a maçonaria defende, que certa direita ateia consente e que certa esquerda burguesa apoia.

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Os idosos dão despesa e trabalho à nação, mas foram eles que ensinaram e deixaram crescer os novos e os políticos que temos; os idosos são chamados de “peste branca” pelos maçons, mas foram eles que muitas vezes perderam (de tudo na vida) para que os novos e políticos de hoje pudessem ganhar na vida.

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Os idosos dão despesa e trabalho à Nação, mas foram eles que lutaram pelo que deram à família, nos empregos e nos pesados descontos que fizeram durante décadas para sustentar os seus anteriores idosos; os idosos dão despesa, mas trabalharam e descontaram até muito tarde, enquanto os novos/políticos ao fim de seis, oito ou dez anos, têm direito a chorudas reformas e a vencimentos posteriores durante 18 meses de 80%, para “adaptação”, quando dispensados de cargos políticos.

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Os idosos dão despesa e trabalho, mas durante o percurso das suas vida nunca foram uns José Sócrates, uns Ricardos Salgados, uns Rangel, uns Duartes Limas, uns Joe’s Berardos; uns Vales e Azevedos e tantos outros que bem se conhecem.

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Os idosos dos lares não são corruptos, não comem o que é dos outros, não entram em negociatas escuras, não recebem luvas por actos praticados, não sacam os bancos do país e não precisam de entrar em empregos como “especialistas”, como entram os mais novos que tenham cartão político partidário.

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Os idosos, apenas precisam de ser entendidos: desculpando-lhes os enganos, as repetições dos seus pensamentos, precisam de paz e algum conforto e precisam que os mais novos e os políticos os ajudem a percorrer  o caminho que lhes falta percorrer.

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Falta justiça social, seriedade na política e situação económica justa para todos. Assim não é, assim não tem sido. Logo, pergunta-se onde está o Zeca Afonso, para que nos cante neste ano de 2022, “eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada”?

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* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

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