Editorial

Bicas e Cimbalinos
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Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Professor Universitário

 

Já devem ter reparado que desde o passado dia 6 não se fala de outra coisa senão das eleições, dos respectivos resultados, de quem vai sair e de quem se prepara para entrar, quais as alianças possíveis e quantas mulheres vão para o Parlamento desta vez. Ou seja, já não se aguenta mais os jornalistas, os analistas, os comentadores que as estações de TV nos oferecem. Parecem a CMTV com o crime do triatleta. Ainda bem que o futebol fez uma pausa que ninguém percebe porquê, senão levávamos com mais isso tudo em cima. Assim sendo, perguntarão os meus respeitáveis e estimados leitores: “então hoje este gajo vai escrever sobre o quê?”  Vão ver já a seguir!

Começo por manifestar a minha preocupação por haver agora cafés que são servidos “sem princípios”, tal qual quem os bebe assim pede. Não deverá haver país no mundo onde haja tanta variedade em como se toma uma bica ou um cimbalino. Podemos beber um café com cheirinho, em copo ou em chávena, esta pode ser fria ou escaldada, podemos ainda pedir um café duplo, um pingado, um carioca, um garoto, um galão ou uma italiana.

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Claro que há também uma meia de leite, e no verão sabe sempre bem um mazagrin, ou um granizado. Os complementos também não são para brincar: em chávena fria, normal ou escaldada, podemos sempre mexer o café com açúcar, adoçante ou nada, e sem chegar a ser um cappuccino podemos sempre pedir com mais ou menos espuma de leite, de máquina ou cafeteira e enriquecido com canela ou chocolate em pó.

Enfim, julgo que os empregados de mesa ou de balcão deviam ter uma licenciatura e alguns, com a experiência e “savoir faire” que demonstram, deveriam merecer o grau de doutoramento.

Desculpem não me ter preocupado com a evolução próxima da política do país, nem vos manifeste o meu receio da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, do envolvimento bélico do Irão, da agressividade do regime turco nem chamado a vossa atenção para as preocupantes alterações climáticas, mas pareceu-me que merecíamos uma pausa e que a bica ou o cimbalino, principalmente agora “sem princípio” merecem toda a nossa atenção.

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