Editorial

C R I S T A I S
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Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Jornalista

Escrever no Minho  Digital é o último desafio que apresento a mim próprio, patrocinado pelo meu amigo Manso Preto e, pelo qual, peço desde já perdão aos respeitáveis leitores.

Podia ter-me inscrito nos “Gatos de Ninguém” ou humildemente ter respondido ao anúncio que  busca jornalistas e colaboradores  para este jornal, mas acabo, duma forma miseravelmente elitista, por aceitar um convite amável do meu Director. Finalmente tenho um Director e só podia ser alguém que eu admirasse e respeitasse, como é o caso.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Portanto, eis-me, ainda “tem-te, não caias”, a sacudir os cristais dos meus ouvidos que, segundo o médico, se espalharam pela cabeça fazendo de mim uma barata tonta.  Desde Fevereiro que o que eu merecia era uma baforada de “Shelltox”.

Os meus cristais devem ser ordinários, nada de Swarowsky, ou de vidro da Boémia, senão os  médicos  ter-me-iam  tratado com outra atenção e solicitude. Porém, esta de andar aos “S”, ter medo de sair à rua sozinho e cair, ao levantar-me da cama, teve a sua vantagem.

Ora vejam: atrasou-me tanto a minha escrita para o Minho Digital que me livrei do incêndio de Pedrogão, do roubo de armas de Tancos e da demissão dos secretários de Estado e do Estado da Nação. De tudo o que vi na Imprensa, Rádio e Televisão, nestas últimas semanas, e que poderia, para mim, ter alguma utilidade, foi a animada sessão da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez que tanto interesse despertou e que, ao que parece, ameaça acabar no Palácio de Belém.

A utilidade para mim da sessão da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez explica-se em duas linhas: é que uma amiga minha, que em tempos também andou com os cristais dela  tresmalhados, confessou-me que o otorrino dela meteu tudo na ordem quase lhe partindo o pescoço, arrumando-lhe a cristaleira com umas palmadas à mistura. Impaciente com a demora da minha cura, ela fez-me  o gentil convite:

–Anda cá a casa que enfio-te duas galhetas que ficas logo bom, com tudo no sítio.

Evitei uma cena de violência doméstica, tive medo dum tiro de caçadeira dum qualquer tresloucado rival e vim refugiar-me aqui, no Minho Digital, onde pagarei as pernoitas  incomodando o estimado público  com uma crónica destas, sempre que  o meu Director assim  me autorizar. Estou melhor dos cristais. Mas cheguei  a  pensar  ir a Arcos de Valdevez .

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