Compre já a nova edição do livro MINHO CONNECTION

Câmara Ardente em Ponte da Barca!

Augusto Marinho e Inocêncio Araújo

No seguimento da nossa notícia da última edição https://www.minhodigital.com/news/pj-fez-buscas-na-camara , e na altura dada a impossibilidade de ouvir os visados, conforme então justificámos, o Minho Digital tentou agora ouvi-los na sequência da presença de uma Brigada de Inspectores da Polícia Judiciária (PJ) na Câmara Municipal. O Minho Digital procurou recolher os depoimentos do presidente Augusto Marinho e do funcionário/vereador Inocêncio Araújo. O silêncio foi a palavra de ordem!

Enviámos e-mails aos autarcas questionando-os se foram inquiridos formalmente pela PJ ou se essa diligência está agendada. Também pedimos que nos confirmassem que tipo de material informático e documentos teriam sido apreendidos. Constando-se que tal situação teve a sua origem numa denúncia anónima, pedimos a ambos um comentário e, em caso afirmativo, de onde poderá ter partido. Igualmente sugerimos um comentário sobre a situação vivida no seio da autarquia (funcionários), bem como junto do Executivo Municipal.

PUB

Finalmente, e agora apenas a Augusto Marinho, perguntámos se não achava estranho, face à gravidade da situação, o silêncio da Comissão Política de Secção do PSD de Ponte da Barca. Mas também aqui não houve a mínima reação, apesar do presidente dos social democratas no concelho ser também vereador na autarquia.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Entretanto, o Minho Digital apurou que a PJ parecia, nesta fase, estar apenas interessada na apreensão do processo administrativo em que o funcionário/vereador Inocêncio Araujo, cabeça de lista pelo PS,  foi ‘guindado’ de encarregado operacional a técnico superior da Câmara de Ponte da Barca, com todas as vantagens materiais e de topo de carreira daí inerentes. Mais: os rumores nos meios políticos – e não só – de que não se ficaria por ali, vieram a confirmar-se quando o presidente social democrata tirou os pelouros à sua colega Maria José Gonçalves e nomeou o socialista com funções a meio tempo, logrando o apoio dos vereadores do seu partido. Recordamos que tudo isto aconteceu na altura em que a vereadora Maria José tinha adiantado que se absteria «por não ter sido chamada a colaborar» no orçamento que teria de ser votado e que, curiosamente, foi aprovado com o voto da sua recente ‘aquisição’ socialista por parte do presidente social democrata. Maria José reagiu publicamente, regressou à escola onde leciona, embora mantendo o lugar para que fora eleita, mas também outro vereador social democrata pediu a suspensão do mandato.

Estava dado o mote para as cenas do próximo episódio: a PJ entra em cena e mais pessoas irão ser ouvidas face às suspeitas com eventuais consequências criminais!

PUB

O Minho Digital conseguiu falar com a vereadora Maria José Gonçalves que foi a primeira pessoa a ser ouvida pelos Inspectores.

 

PUB

«Foi-me dito que esta inquirição por parte da PJ se verificava na sequência de uma denúncia anónima relacionada com um alegado ato de corrupção no Município de Ponte da Barca. Em sede de reunião de Câmara dei conta desta inquirição. Nesta mesma reunião, o senhor Presidente da Câmara foi questionado pelo senhor vereador do PS, Ricardo Armada, acerca deste assunto, tendo respondido que a Polícia Judiciária tinha estado nas instalações da Câmara Municipal e que havia solicitado o processo do senhor vereador Inocêncio Araújo, enquanto funcionário do Município» – começou por declarar a veradora.

A social democrata eleita na lista de Augusto Marinho afirma que «das várias questões que me foram colocadas pelos senhores inspetores, naturalmente que a primeira foi se eventualmente seria eu a autora da denúncia. Ao que respondi, sem tibiezas que não. Tendo acrescentado: não sou mulher de fazer denúncias anónimas. Gosto de dizer as coisas e de levantar as questões de viva voz, olhos nos olhos, quando é possível, ou, por escrito, identificando-me claramente. Tal como o fiz quando publicamente denunciei que estava a ser vítima de assédio moral e de violação de correspondência, enquanto vereadora em regime de permanência».

«Sei que fui a primeira pessoa a ser ouvida no âmbito deste processo e, como sempre, respondi a todas as questões, prestei todos os esclarecimentos que me foram solicitados» – reforça.

PUB

«Lamento que Ponte da Barca ande na ‘bocas do mudo’ pelas piores razões»

Maria José Gonçalves entende que se permita «fazer o seguinte ponto da situação»:

«Ninguém mais do que eu lamento que Ponte da Barca ande nas “bocas do mundo” pelas piores razões. Mas, pior do que sermos notícia por palavra que não é honrada, por desarticulação política, por arranjinhos de bastidores … é pactuar com a hipocrisia, com a farsa, com o salve-se quem puder. Ponte da Barca é uma terra de gente honrada, trabalhadora, de palavra. É uma terra de mulheres e homens ousados, empreendedores, cultos, humanistas, que, infelizmente, muitas vezes só conseguem singrar fora da sua terra».

E sustenta que «disse e reitero, pelo superior interesse de todos os Barquenses e não de uma “casta” de oportunistas, honrarei o meu compromisso até ao último dia do mandato para que fui democraticamente eleita».

Questionada sobre o estranho silêncio da Comissão Política de Secção do PSD, em que o seu presidente é vereador, face à gravidade da situação – avançada em primeira mão pelo MINHO DIGITAL e que posteriormente veio a ser largamente noticiada na comunicação social -, e sendo público o descontentamento do sucedido entre as bases social democratas, Maria José Gonçalves não se escusou a comentar. 

«Muito sinceramente, neste momento estou pouco preocupada com o futuro político do PSD em Ponte da Barca. A seu tempo os Barquenses saberão avaliar e julgar. Este é um tempo de, constatada a desilusão, tentar minimizar as consequências negativas para o Concelho».

«Quem tudo quer, tudo perde» 

Perceptível a indignação, a vereadora vai mais longe: «Infelizmente, um dos maiores fatores de verdadeira desarticulação entre mim e o senhor Presidente da Câmara foi, entre muitos outros, o facto de eu estar apostada em corresponder às expectativas dos barquenses governando nesse sentido. Já o senhor Presidente, desde o primeiro dia do exercício do mandato, manifestou estar preocupado em ganhar o segundo e se possível o terceiro mandato. A sabedoria popular diz-nos que “quem tudo quer, tudo perde”. Neste momento, quem mais perde é Ponte da Barca, mas estou em crer que não enfrentar os reais problemas e viver na hipocrisia teria consequências muito piores».

A terminar, sustenta que «enquanto cidadã independente, eleita pelo PSD, sugiro que todos os militantes, simpatizantes e eleitos pelo PSD, tenham bem presente aquela que é uma referência do passado e aquele que é o timoneiro do presente».

E cita:

«Francisco Sá Carneiro disse: “A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”.

Rui Rio afirmou recentemente: “A política precisa de um banho de ética”.

Subescrevendo na íntegra as palavras de Sá Carneiro, afirmo:

 “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for”

PUB
  Partilhar este artigo
geral@minhodigital.pt
  Partilhar este artigo
PUB
📌 Mais da Barca
PUB

Junte-se a nós todas as semanas