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‘CASTANHO’ NOVAMENTE SOB A ALÇADA DA JUSTIÇA

Detenção de 'Castanho'

José Cruz Ribeiro da Silva, conhecido por ‘Castanho’ e ‘Zé Luís’, residente na vila de Ponte de Lima, está novamente ‘à pega’ com a Justiça. Nada a que não esteja habituado …

 

Desta vez aparece a responder no Tribunal de S. João Novo, no Porto, onde está a ser julgado pelo alegado rapto de uma negociante de automóveis por uma dívida de 200 mil euros.

Há ainda outros dois arguidos suspeitos de terem raptado e agredido o comerciante estabelecido em Vila de Conde. Todos eles têm antecedentes por tráfico de droga, estando um deles, natural de Paços de Ferreira, detido em Espanha pela mesma actividade.

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Segundo o Ministério Público (MP), dois deles, entre os quais o ‘Castanho’, terão localizado a vítima numa bomba de gasolina em Matosinhos, onde interceptaram o comerciante e o meteram, num ápice, dentro de uma viatura. Partiram em direcção a Viana do Castelo pelo A28, mas o destino final, segundo o MP, seria uma quinta do concelho de Ponte de Lima. Ali conseguiram que a vítima, temendo pela sua vida, se comprometesse a liquidar 100 mil euros no dia seguinte, razão pela qual o libertaram com a promessa de novo encontro dali a dias, num café de Vila de Conde, onde pagaria a restante dívida. Encontro que não chegou a realizar-se pelo facto do comerciante não ter aparecido. Os suspeitos acabaram por localizá-lo novamente num outro stand de automóveis na cidade do Porto, mas quando o comerciante se deu conta das presença dos presumíveis raptores, alertou a Polícia Judiciária que conseguiu comparecer a tempo.

Esta investigação esteve a cargo da Brigada contra o Banditismo e Terrorismo da Polícia Judiciária do Porto.

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O julgamento está a ser rodeado de especiais medidas de segurança, embora discretas. ‘Castanho’ e os seus cúmplices aguardam, todavia, o desfecho em liberdade.

 

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Momentos de uma das detenções, em Darque, Viana do Castelo

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Castanho, ‘agasalhado’, a sair escoltado das instalações da PJ em Braga

O curriculum vitae ‘invejável’ do ‘Castanho’

A PJ de Braga prendeu ao princípio da noite de uma 3ª feira de Maio de 2013, em Ponte da Barca, um dos principais ‘ capos ‘ do narcotráfico  na Península Ibérica. José Cruz Ribeiro da Silva, hoje com de 62 anos, passou mais de 18 anos atrás das grades pelos mais variados crimes mas isso não impediu que, na altura em que estava detido em Paços de Ferreira, a Reinserção Social tivesse elaborado um relatório que lhe permitiu uma  ‘ saída precária ‘ prontamente aproveitada para fugir em direcção a Málaga, sul de Espanha. Foi novamente ‘ reinserido ‘ mas, desta vez, no seu já conhecido estabelecimento prisional.

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A Brigada de Estupefacientes da PJ de Braga manteve durante dois dias uma apertada vigilância em volta de uma quinta de familiares do conhecido traficante que ali se refugiara, situada em S. Martinho da Gandra, optando apenas por intervir quando ele saíu para fazer compras. ‘ Castanho ‘ acabaria por ser detido e sem oferecer resistência quando saía de uma grande superfície em Ponte da Barca, já perto do concelho vizinho de Arcos de Valdevez. Fazendo transportar-se num jipe topo de gama com matrícula inglesa, mais precisamente de Gibraltar, o traficante utilizava um telemóvel de satélite com o claro objectivo de procurar ‘ iludir ‘ a polícia nos seus contactos. Com mandado de captura pendente em Portugal e com o juiz Baltasar Garzón ‘ à perna ‘ em Espanha, ‘ Castanho ‘ acabou por cair na teia hábil e cirurgicamente montada pelos investigadores portugueses pondo fim a uma aparente impunidade. José Cruz Ribeiro da Silva tem, aliás, um currículo pouco invejável. A 3 de Fevereiro de 1976 foi detido pela PJ em Vila do Conde quando conduzia um potente Lancia Fulvia, no seguimento de investigações a um assalto à mão armada à empresa Standart Eléctrica, em Cascais, no que viria a ser condenado a 12 anos em janeiro do ano seguinte. Detido em Caxias, diz-se ameaçado de morte por um tal ‘ Centeio ‘, relacionado com o tráfico de armas. Acusado, também, de ataques bombistas, consegue ser absolvido em Tribunal Militar  que não deu como provadas outras investigações que sobre ele pendiam. A 12 de Maio de 1988, o Tribunal Judicial de Viana do Castelo emite um mandado de captura por envolvimento em narcotráfico que não seria o primeiro nem o último e só não foi cumprido porque, entretanto, era constituído arguido num processo instruído em Setúbal.

 

Uma outra detenção, agora em Ponte de Lima

O ‘Kalyl’, apreendido com cocaína nas Canárias, tinha estado ancorado na marina de Viana

Pista espanhola

Beneficiando airosamente de uma ‘ saída precária ‘ de fim de semana, opta pela fuga e instala-se faustosamente no sul de Espanha. Compra uma imponente quinta  em Sevilha, uma vivenda em Marbella e, bem inserido no meio do crime, investe na aquisição de várias lanchas rápidas que o tornam altamente suspeito perante as autoridades do país vizinho. O juíz Baltasar Garzón atravessa-se na frente do ‘ Castanho ‘ e a 26/7/96 é preso em Cádiz acusado de alegadamente ser uma ‘ peça ‘ fundamental no topo da hierarquia de uma rede internacional de tráfico de droga onde contaria como sócio o marroquino  Yamal Mohamed, o ‘ Pepe ‘, um velho conhecido das autoridades espanholas e da DEA ( Polícia americana de combate ao tráfico de droga ). Atrasos processuais fazem expirar o prazo de prisão preventiva e ‘ Castanho ‘ é posto em liberdade com a obrigatoriedade de apresentar-se semanalmente na Audiencia Nacional em Madrid, o que não cumpre. Instala-se em Nigran, a cerca de 10 quilómetros da fronteira de Tui  e começa a ser visto frequentemente por Viana do Castelo por onde se passeia impunemente, pese embora seja procurado pelas autoridades. Mas é a partir do outro lado da fronteira que emerge a sua vocação mediática e comete um erro ao dar uma entrevista em directo ao programa ‘ Casos de Polícia ‘ da SIC, impondo condições para se entregar. A Polícia Judiciária de Braga lança ‘ caça ao homem ‘ e detém-no uma semana depois em Darque, Viana do Castelo. Cumpre em Paços de Ferreira o resto do tempo que lhe faltava estar atrás das grades e, findo este, volta a aparecer em Viana do Castelo onde atraca na marina o seu iate ‘ KALYL ‘. Não demoraria um mês que esta embarcação seria apreendida ao largo das ilhas de Hierro, cerca das Canárias, trazendo a bordo uma tonelada de cocaína. Como tripulantes vinham dois portugueses e sete galegos. Escutas telefónicas e apertadas vigilâncias referenciavam o ‘ Castanho ‘ como o cérebro da operação que conduzia em terra, mais precisamente a partir de Ponte de Lima. José Cruz Ribeiro da Silva é condenado e, quando cumpria a pena em Paços de Ferreira, mais uma vez a Reinserção Social permite-lhe nova ‘ saída precária ‘ e só a meticulosa investigação da PJ de Braga pôs esta semana termo a uma prolongada fuga.  

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