‘Castelo de Portuzelo’ remodelado para Turismo

Se quiser um casamento majestoso a fazer lembrar os tempos medievais, organizar eventos de charme em que o local é meia publicidade ou mesmo fins de semana mais íntimos e românticos, esse local existe agora a uns 5 quilómetros de Viana do Castelo, na freguesia de Santa Marta de Portuzelo.

O ‘Castelo de Portuzelo’, de seu nome, tem ainda a vantagem de localizar-se a uns 500 metros do Rio Lima. Profundamente remodelado e aprimorado no seu interior e exterior, decorado com o aproveitamento de móveis antigos e armaduras em metal marcantes de uma época, passou a estar aberto ao público para o chamado turismo local desde o dia 16 deste mês. Foi uma cerimónia simbólica, muito íntima e discreta conforme queriam os seus proprietários, embora na presença do presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa e alguns empresários. Os convidados foram simpaticamente surpreendidos com uma visita guiada pelo Castelo por parte da família galega que adquiriu o imóvel em 1980, na altura praticamente inabitável, e soube recuperá-lo respeitando a traça, com o objectivo de o colocar ao serviço do turismo, acrescentando-lhe, sem ferir a arquitectura da época, zonas de lazer como uma piscina e um campo de ténis, mantendo os caminhos cuidados por onde agradavelmente se pode passear à sombra graças à vegetação que dá um ar fresco e uma tranquilidade a condizerem com a hospitalidade e requinte a que não se pode ficar indiferente.

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(Fotos extraídas do Facebook)

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História

A história do ‘Castelo de Portuzelo‘ remonta, documentalmente, a uma propriedade com existência no século XIII, tutelada por uma casa senhorial à época detida por Fernão Lobo e sua mulher, D. Ana Lobo Barreto. Infelizmente, nada se sabe sobre a configuração original do conjunto, perdida nas sucessivas renovações por que passou ao longo de tantas gerações. No final do século XVII, a propriedade ainda se encontrava na posse dos descendentes daquele casal de fidalgos, tendo D. Maria Lobo promovido uma integral renovação do paço.

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Como seria normal, a conservação não se manteve até aos dias de hoje. Em 1853, sendo novo proprietário António Pereira da Cunha, ele próprio terá desenhado a planta “com uma torcida de papel molhado em tinta”, dando-se início ao monumental palácio romântico que hoje se conhece. A intenção do seu titular foi actualizar a residência ao gosto então em voga na Áustria e na Alemanha, onde se havia deslocado para assistir ao baptizado de Miguel II de Bragança, filho de Miguel I de Portugal (1828-1834). O resultado foi um projecto ímpar no Alto Minho.

Em 1977, os herdeiros de António Pereira da Cunha venderam o imóvel a José Pulido de Almeida, mas o conjunto degradou-se chegando a uma situação de adiantado estado de ruína.

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº 129/77, publicado no Diário da República, I Série, nº 226, de 29 de Setembro de 1977.

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Em princípios de 1980, o ‘Castelo de Portuzelo’ como era publicamente conhecido, adquirido por um médico e esposa da Galiza, mais precisamente de Vigo, «apaixonados pelo local», meteram mãos à obra para a sua recuperação. Registaram-se obras interiores, com substituição de paredes, construção de estruturas de betão armado em pilares, vigas e tectos, sem colidir com a traça original do imóvel.

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(Fotos extraídas do Facebook)

Características

Hoje pode dizer-se que estamos perante um Palácio romântico com características de Castelo, com planta quadrangular regular e coberturas diferenciadas em terraço. Apresenta alçados de dois pisos e três corpos, encimados por uma torre central mais elevada no centro do pátio, evocando as características torres de menagem românicas.

Em alçado, as fachadas são marcadas pelo coroamento de ameias com guaritas nos ângulos (solução que se repete na torre), sendo as janelas de estilo neo-manuelino e neo-tardo-gótico. Ao centro da fachada principal, o andar nobre integra um varandim panorâmico axial, a que se acede por cinco vãos contínuos de arco trilobado. As extremidades são idênticas entre si, marcadas por janelões de arcos de volta perfeita inseridos em molduras neo-manuelinas.

Em redor do Castelo existe um fosso, ultrapassado por ponte levadiça, que acede a uma passagem abobadada para um pátio fechado, junto à fachada nascente; aqui ergue-se um chafariz central, de tanque octogonal, de coluna galbada (mais ou menos convexa) e esquadriada, com duas taças com algumas carrancas e coroamento em pinha, originário do Convento do Carmo de Viana. Escadas num canto do pátio dão acesso a um outro, mais elevado onde existe uma torre circular com vão de arco, coroada por avançados merlões (partes salientes entre duas ameias).

 

Turismo familiar

O Minho Digital teve uma breve conversa com Ana Martinez Bouzo, Relações Públicas do empreendimento turístico.

 

MD – Quem são os actuais proprietários.

É a Sra. D. Ana Maria Pérez Outerelo.

 

MD – Como é que tiveram conhecimento da existência do Castelo?

Através de um jornal.

 

MD – Naturalmente que tiveram de fazer obras de renovação. Quem as dirigiu?

Sim, fizeram-se obras de restauração sob a orientação do Arq. Meireles.

 

MD – Quanto investiram até hoje?

Como foi sendo restaurado pouco a pouco, a proprietária não se recorda, até porque quem tinha a responsabilidade das contas era o meu avô que faleceu há mais de 20 anos.

 

MD – Quais são as divisões do Castelo?

Tem cozinhas, a sala de refeições, um salão de estar, capela, um hall de recepção e duas salas contínuas que comunicam entre si para usos distintos, quartos de banho, um quarto fechado ao público e onze tipo suite para hóspedes.

 

MD – Que actividades têm de lazer?

Temos uma piscina e um paddel de ténis que brevemente pensamos recuperar.

 

MD – O Castelo já está aberto ao público?

Sim, sim.

 

MD – Que tipo de serviços disponibilizam?

Estamos inclinados para o alojamento de turismo local, mas também temos condições para a realização de eventos de toda a espécie, reuniões, apresentações, tudo com a máxima qualidade, rigor e profissionalismo.

 

MD – Qual é o modelo de turista que procuram?

É o turismo de famílias e grupos de amigos a a partir dos 30 anos de idade.

 

MD – Qual é o nicho de mercado turístico que mais lhes interessam?

Sem dúvida que é o turismo familiar e de amigos que estejam interessados em conhecer o norte de Portugal e façam aqui ‘base’, tais como praticantes de golf, vela, enologia e desfrutar da magnífica gastronomia portuguesa.

 

MD – Têm feito contactos junto de instituições nacionais e estrangeiras com vista à recepção de turistas?

Sim, temos estado a fazer imensos contactos, embora seja uma tarefa que é preciso estar sempre em cima.

 

MD – Têm tido apoios oficiais?

Não. Todo o investimento tem sido privado.

 

Longe do bulício do trânsito, nada se ouve neste espaço com uma envolvência tão tranquila que convida a conversar e sentir o peso histórico do que aquelas muralhas e ameias terão sido testemunhas. O ambiente é de afectos e revela a paixão que é indissociável da empatia entre minhotos e galegos.

 

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