O cenário é aterrador! Fogo, fumo, água e gritos, tudo à mistura, caracterizam bem os últimos dias que dizimaram o Alto Minho e o Parque Nacional do Gerês.
Textos: Lurdes Lay e Armando Brito
Fotos: José Manuel Silva e Armando Brito
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Conforme comentou numa rede social o renomado fotógrafo Carlos Pontes «à semelhança de 2010, a serra do Soajo está reduzida a quase nada, quilómetros de extensão arderam e continuam a arder incontrolavelmente, quase sem meios nenhuns, as chamas lavram dando um sentimento de impotência enorme a qualquer ser humano. Desde uma casa até barracões de gado com animais, tudo arde sem fim à vista, é o desespero de centenas de pessoas rodeadas de chamas.»
Continuou o fotógrafo: «Áreas que conheço desde que tenho memória, das paisagens mais bonitas que tive o prazer de contemplar, hoje estão completamente mortas e darão lugar a um deserto de nada. Assisti a animais completamente desorientados, um cenário triste e irremediável, corgas inteiras com uma importância enorme na fauna e flora selvagem completamente destruídas e em chamas.»
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Depois do pedido de ajuda de Portugal à União Europeia, apenas Itália , Espanha, Rússia e Marrocos enviaram para o nosso país sete meios aéreos para ajudar no combate às chamas,
Vários incêndios estiveram ativos nos concelhos de Melgaço, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Valença, Monção e no PNG (Parque Nacional Peneda/ Gerês, onde várias aldeias foram evacuadas.
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Como se vê pelo mapa, o concelho de Caminha foi o mais fustigado pelas chamas
(Fotos de José Manuel Silva)
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Incêndios afligiram populações de Arcos de Valdevez e consumiram milhares de hectares no PNPG
Texto e Fotos: Armando Brito
O incêndio que deflagrou no dia 8 de agosto, nas cercanias do Parque de Campismo da Travanca, “coração” do Parque Nacional da Peneda-Gerês, alastrando depois a várias freguesias de Arcos de Valdevez, só foi dominado no dia 12. Uma parte importante da riqueza natural ficou reduzida a cinzas e muitos particulares contabilizam avultados prejuízos.
Ao perto e ao longe, na linha do horizonte e por detrás dos recortes da serra de Soajo, está tudo “pintado” de preto. Apesar do trabalho inexcedível dos operacionais no terreno, em coordenação com os meios aéreos, e da ajuda do povo “bombeiro”, o balanço, ainda que provisório, é catastrófico. As chamas dizimaram 3 mil hectares de mancha verde, só em área do PNPG cobrindo território de Arcos de Valdevez, assim como casas de férias e do campo, currais, campos de cultivo, pomares, barracões, ramadas e bouças.
As populações de Vilar de Suente, no dia 8, e de Vilarinho das Quartas, no dia 11, ambos os lugares de Soajo (como também as freguesias do Vale e Ermelo), viveram momentos de pânico, quando as respetivas localidades ficaram rodeadas de fogo. O fumo tomou conta do céu e as labaredas enormes levaram a aflição aos lugares, algumas das quais, nomeadamente Vilar de Suente e Vilarinho das Quartas, tiveram de ser evacuados. Apesar do susto, toda a gente ficou a salvo e as casas foram poupadas ao fogo assassino.
No meio do drama que foi este incêndio, em cujos trabalhos de rescaldo estiveram mobilizados 192 operacionais, apoiados por 66 viaturas e um meio aéreo, é justo realçar as bonitas manifestações de carinho com que a população tributou os “soldados da paz”. A tarja, com o dizer “Abraço a todos os combatentes”, à entrada de Soajo, é disso um bom exemplo.
Passado o sobressalto, é hora de todos tirarem lições para se evitar, no futuro, novos desastres naturais.