Editorial

A CIGARRA E A FORMIGA… em 2020
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Rita Costa

Rita Costa

Era uma vez uma Cigarra e uma Formiga. Mas já sabem a história, certo?

O que nos contaram foi mais ou menos isto: a Formiga trabalhou todo o verão, armazenando alimentos para poder sobreviver ao Inverno.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

A Cigarra, por sua vez, passou o verão a tocar guitarra e a cantar e, chegando o tempo frio, acabou por ter de pedir ajuda à Formiga para não morrer à fome.

Vamos todos ser formigas! TEMOS de recolher, armazenar, consumir. E repetimos tudo de novo. A Cigarra?! Desperdiça o seu tempo, apenas. Não faz nada de útil. Será assim?

Muitos autores (felizmente!) têm vindo a recontar esta fábula, retirando uma moral um pouco diferente. Sou da mesma opinião. O problema não está na motivação da Formiga: viver também é isso (mais não seja, é uma questão de sobrevivência… Que infeliz!). A questão está na forma como perspetivamos a Cigarra.

Estamos em 2020. Há tantas cigarras por aí. Não falo em cigarras preguiçosas, como nos querem fazer parecer. Falo em cigarras cujo talento não é reconhecido, simplesmente porque não se enquadra no modo como a sociedade está organizada. Falo em cigarras que todos os dias alimentam a alma de milhões de formigas, não por motivações egoístas, mas porque sem arte, sem cultura, não somos nada.

Não nos esqueçamos que a formiga trabalhou ao som da cigarra, embora talvez ela não o reconheça. Será tão estranho aos nossos olhos que a cigarra também mereça daquela comida? E porque o vemos com vergonha?

A verdade é que muitas vezes criamos “cigarras” frustradas porque não sabemos aceitar a diferença. Outra verdade é que, continuando a fazê-lo, não vamos a lado nenhum…

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