Cimeira do Clima: nuvens negras, leme firme!…

José Inácio Faria *

Eurodeputado do PT

No seguimento do acordo de Paris sobre a luta contra as alterações climáticas, realizou-se em Marraquexe a Cimeira do Clima COP22, à qual compareci integrado na Delegação do Parlamento Europeu que ali se deslocou.

Este foi o tiro de partida para o difícil trabalho de implementação deste acordo global. Há que mobilizar enormes recursos financeiros e estabelecer mecanismos transparentes de monitorização dos progressos que serão atingidos por cada nação, no combate ao aquecimento global: para que não existam batotas e para que os resultados obtidos não fiquem aquém das metas estabelecidas.

A União Europeia deve manter o papel de liderança que já antes assumiu para se chegar ao Tratado de Paris. Sector público, políticos, sociedade civil e sector empresarial devem agora manter-se unidos em torno de um objectivo que é vital para o planeta! Só dessa forma conseguiremos mobilizar os investimentos necessários para tornarmos a nossa economia mais limpa e o planeta mais sustentável.

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A cimeira de Marraquexe viveu sob a ameaça da recente eleição do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual fez do aquecimento climático uma das bandeiras da sua campanha eleitoral afirmando, repetidas vezes, que as alterações climáticas são uma ficção inventada por Chineses… Isso fez pairar sobre Marraquexe as nuvens negras de uma possível desvinculação dos Estados Unidos do acordo de Paris. Mas se algo de muito positivo saiu desta Cimeira, foi a união e a absoluta determinação da comunidade internacional em seguir em frente, sem hesitações. Mesmo a China – dos países outrora mais renitentes quanto a políticas de protecção ambiental – mostra-se agora empenhada em prosseguir a agenda de Paris.

Acredito que Trump conseguirá, quando muito, atrasar o decurso deste processo, mas não revertê-lo! Entretanto, sinais de alguma flexibilidade por parte do Presidente Americano são já patentes: afinal, a influência do homem no clima é uma realidade “provável” e as energias limpas são, enfim, consideradas como uma via que interessa explorar… Manter-me-ei optimista quanto a um desenvolvimento positivo face às posições iniciais da nova administração americana.

No que me toca, continuarei empenhado, no Parlamento Europeu, na defesa de políticas económicas e ambientais mais sustentáveis, num momento crucial em que a Comissão Europeia apresentou o seu “pacote de inverno”, um importante conjunto de medidas legislativas relativas à eficiência energética, às energias limpas e aos biocombustíveis. Há certamente muito trabalho, ainda por fazer, para mantermos elevadas as nossas pretensões nestes domínios. Se mantivermos uma direcção política clara, daremos um sinal inequívoco ao sector empresarial para que possa investir, criar riqueza e mais emprego!

O crescimento verde oferece oportunidades económicas que o nosso país não pode desperdiçar. Estou certo que a nossa região saberá continuar a tirar partido dessas oportunidades! 

* Natural de Viana do Castelo

 

 

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