Ouvi um senhor de oitenta anos fazer o seguinte comentário:
“Fazer as refeições sozinho é para poder sobreviver, mas fazer refeições junto com amigos ou em família é a verdadeira vida”.
Inesperadamente você tem uma visão tão grande da vida, com esta afirmação, que até lhe parece muito mais fácil o seu dia a dia.
Você chega a casa, e tem alguém com quem possa, falar, chorar, rir, abraçar, almoçar e jantar claro.
Então e as festas de aniversário ou as festas de ano?
Estão todos à mesma mesa a rir, a brincar, resmungar, enfim a conversar.
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Só entende, esta situação de fazer refeições sozinho, quem tenha estado neste mundo, nessa condição.
Sente-se um friozinho cá dentro, um vazio e um silêncio aterrador.
Acredite, dá vontade de chorar!
Porque simplesmente, o ser humano não foi criado, para viver nem sobreviver, sozinho e isolado.
Esqueça a companhia só dos “patudos”, são amorosos, meigos, com um amor incondicional, mas não falam.
Ou seja, concordam sempre consigo, nunca o colocam em causa.
É assim, sem ninguém a opor-se a si, a discordar de si, a propor-lhe um livro novo, uma ida ao cinema, ao futebol, ou a dar-lhe um abraço.
A sua vida é uma grande chatice.
E então à mesa é que se nota a diferença.
A necessidade de ouvir a palavra, a gargalhada e por aí adiante.
Já pensou bem, no privilégio que você tem, quando diz:
– ” Agora, quero ficar um pouco sozinho”.
É que é MESMO, um enorme privilégio, ter sempre esta possibilidade de escolha.
Por isso, é que as pessoas choram e riem, de alegria no Natal.
Também no Ano Novo, se deseja estar, bem acompanhado e comer, beber e brindar à família, à felicidade e ao amor.
Aposte nisso, nesse momento, nesse sentimento de estar a ganhar.
Porque quando um dia, se aperceber daquilo que perdeu, já será tarde demais para si.
Viva o dia a dia, com alegria, com discussões importantes, ou só com conversas de circunstância.
Mas ria, dos disparates dos outros, e das suas próprias imbecilidades.
Não se engane, todos de alguma forma, somos uns autênticos imbecis durante alguns minutos, das vinte e quatro horas do dia.
A começar pelas guerras logo de manhã, com os horários, com os banhos, com os pequenos almoços, com o trânsito.
Depois você esqueceu -se do batom em casa, ou então do telemóvel, mas o pior de tudo, é que você ainda não tomou café.
Vai chegar atrasado, e vai ouvir o sermão da praxe do seu chefe.
É um cansaço, o dia a dia!
Por isso, é que você aproveita as festas em pleno, as férias são sempre poucas mas óptimas, para desfrutar e descomprimir. E você encontra sempre a alegria e a felicidade à mesa, à volta de uma mesa, numa refeição conjunta.
Grandes negócios se realizam à mesa falando, saboreando ou degustando, uma receita mais ou menos elaborada pelo chef do restaurante.
Depois felizmente o seu país não está em guerra, você nem sabe o que isso é. E os muitos que sabem, estão calados à mesa, a agradecer a vida a Deus, desejando não terem de regressar ao caos onde estiveram.
Já pensou que as nossas tragédias diárias, os nossos problemas insolúveis, não são nada de especial, comparados com a dor que sentem, todos os que vivem em pânico constante e cujo único desejo, é acordar vivo, no dia seguinte.
Não houve um único momento durante este ano, em que eu não tivesse presente, as circunstâncias de vida dessas pessoas.
O pânico de um bombardeamento, o medo constante de morrer, o choro incessante das crianças e até a apatia, de quem já não tendo forças para se defender, não reage a nada nem a ninguém.
Estas pessoas sim! estão a sofrer, a chorar e a chamar por um Deus que parece não as ouvir.
Mas não foi Deus, que provocou as guerras, foram os homens.
Mas se Deus existe mesmo, porque é que Ele não pára estas guerras, estes sofrimentos?
-“Porque é que ele não tira as forças aos terroristas?
Porque é que Ele não faz com que “os maus” desapareçam e todos os bebés tenham mãe e possam viver?”
Já percebeu concerteza, que foram estas as perguntas, e os pedidos sinceros da Kikas, de seis anos, à mesa da consoada, à mesa da comunhão e à mesa dos jogos de Natal.
Todos lhe deram respostas válidas.
No entanto o avô Silvestre, falou do livre arbítrio, da liberdade de escolha, que Deus concedeu aos homens.
Ela não entendeu, e foi a mãe, enquanto faziam um puzzle enorme, na mesa de jogos, com muita paciência que lhe explicou.
Que realmente o poder de Deus é absoluto. É realmente muito grande.
Tão grande como o amor que tem, por TODOS os homens. Por isso, é que lhes dá a liberdade de escolher, o caminho do bem ou do mal.
Ela continuou sem entender!
Só ficou muito triste, com as notícias que viu e ouviu, durante as férias escolares na televisão, à hora do almoço.
Aprenda se ainda for a tempo, a dar valor a todas as pessoas que ama, e estão próximas de si.
Ou então decida-se, a formar a sua própria família.
E deixe de ser egoísta, complicado/a, e sobretudo não procure a perfeição, nem encontre mais desculpas, para não construir uma família.
É que pode ser que um dia, seja tarde demais.
O avô Silvestre, já não falava muito, mas quando falava todos o ouviam.
E nesta ceia da consoada, deu um beijo, um abraço muito apertado e um envelope, a cada um dos sete netos.
Depois deixou com duas das netas mais velhas, mais dois envelopes, para os bisnetos, que nascem uma na Primavera e outro no Verão.
E olhando para o único filho, que não se tinha casado, e disse com lágrimas nos olhos:
“Não sabes o que vais perder! Quando eu morrer, vais continuar nesta casa sozinho ?”
O avô ainda vive na casa da família, com um casal, que o acompanha, durante todo o ano.
O casal e os respectivos filhos, não pagam renda nem comida.
O avô paga-lhes os serviços prestados, de acordo com a sua reforma, de modo a que as despesas fiquem equilibradas.
Até ao momento todos estão confortáveis e o homem, ainda trabalha numa fábrica.
Todas as hipóteses foram colocadas ao avô, depois da partida da avó. Mas ninguém o convenceu a sair da sua casa, nem a ir para um lar.
Encontrou um casal Ucraniano com três filhos, e há quartos que chegam para todos.