Comércio tradicional com horários de fecho diferentes no centro histórico de Arcos de Valdevez

Várias lojas do centro histórico de Arcos de Valdevez, principalmente na Rua Cerqueira Gomes e Rua General Norton de Matos, passaram a fechar às 18.00, de segunda a sexta, mas o horário de encerramento na maioria dos estabelecimentos permanece inalterado (19.00). Como os lojistas da vila não pensam todos da mesma maneira, os comerciantes arriscam baralhar os clientes que, para os mesmos ramos de negócio, associam horários de fecho diferentes.

Foi uma conjugação de fatores que levou parte do comércio tradicional a rever o horário (de inverno) desde 7 de novembro último, encerrando uma hora mais cedo (casos, entre outros, da Papelaria Moderna e Fonseca & Filho, conforme informação constante nas respetivas páginas de Facebook).

Segundo apurou o Minho Digital, alguns comerciantes, entre outras razões, decidiram fechar às 18.00, em vez das 19.00, por, nesta hora de “prolongamento”, tendo em conta o atual contexto desfavorável, “não se fazer caixa suficiente”, para cobrir despesas certas, como as de energia elétrica.

“Os nossos clientes são, basicamente, as pessoas das aldeias e, como não há transportes [coletivos] à noite, as ruas ficam praticamente desertas a partir das 16.00”, atalha Maria de Fátima Araújo, que, sem empregados, remata o dia de trabalho, na Casa das Frutas, por volta das 18.30 (horário de inverno).

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Mas estes motivos – negócio muito fraco a partir das 18.00, corte nas despesas correntes e transportes coletivos inexistentes à noite – não são percecionados, no entanto, por todos os comerciantes, muitos dos quais não aderiram ao novo horário. “A pensar nos clientes, sobretudo nas pessoas que trabalham e saem do emprego mais tarde, nós continuamos, como dantes, a encerrar às 19.00”, diz António Rio Martins, do Pomar Rio Vez, que adianta outra grande causa para alguns lojistas fecharem às 18.00. “Atualmente, o comércio tradicional tem menos empregados e, logo, menos flexibilidade para encerrar mais tarde”, acrescenta o comerciante.

Também Carlos Amaral, da Casa Amaral, fecha a porta às 19.00 (dias úteis). “Não entendi muito bem esta alteração, porque é depois das 18.00 que há alguma gente nas ruas”, atira este comerciante do setor do vestuário, insinuando, sem o dizer, que encerrar o negócio tão cedo é deixar a clientela à sua sorte. Em paralelo, defende uma adaptação dos horários do comércio aos clientes, segundo a hora de saída das pessoas dos respetivos locais de trabalho.

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Independentemente das dissonâncias existentes em relação aos horários de funcionamento, o comércio tradicional debate-se com vários constrangimentos, sendo a concorrência das superfícies comerciais e o despovoamento do território os de maior impacto. Com pouca gente (e uma grande porção de idosos), as ruas do centro histórico de Arcos de Valdevez estão – todos se queixam disso – quase sempre vazias. “O mal do comércio tradicional é, justamente, a falta de gente”, diz Carlos Amaral, que, no presente, estima uma “quebra no negócio de 15 a 20%” em relação a anos mais favoráveis.

Apesar disso, segundo diversos agentes contactados, há estratégias que podem ajudar à recuperação do comércio tradicional, nomeadamente “a introdução de um programa de iniciativas para promover a visitação com base em dinâmicas comerciais”, “o aumento dos lugares de estacionamento” e, complementarmente, “uma maior disciplina na utilização destes”.

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Entretanto, com o Natal à porta, os comerciantes de Arcos de Valdevez vão, como de costume, funcionar aos sábados em horário alargado com o objetivo de cativar o público nesta quadra.

Desertificação do território ameaça comércio

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No momento em que se discute o horário de encerramento do comércio tradicional no centro histórico de Arcos de Valdevez, há uma constatação que salta à vista dos agentes do ramo: o despovoamento do território – clientela a encolher e a envelhecer por consequência – é o maior obstáculo de todos para a sobrevivência do setor.

 

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