Editorial

CONFISSÕES DE UM ATEU
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Jornalista

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O ano de 2021 foi um ano diferente para mim.

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GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Sempre escrevi mas neste ano que passou comecei a partilhar o que escrevia. Na escrita procurei encontrar Deus. Ainda não cheguei lá mas sinto que é este o caminho.

 

Fui sempre um ateu positivista. A minha religião é a ciência e a ciência é incompatível com a existência de Deus. A ciência precisa de comprovação, segundo métodos lógicos, e Deus é ilógico. Não é objetivo nem generalizável. É subjetivo e vem de dentro de cada um nós, nunca de fora. Numa palavra “amor”, numa ação “amar”.

 

É certo e segundo o psiquiatra Jung, colega de Freud, que o ser humano vai tendo com o aproximar da morte, algumas necessidades irracionais, tais como acreditar em Deus.

Precisamos de acreditar em Deus porque tememos a morte ou o que está para além dela, a existir, um eterno desconhecido.

 

Eu sempre tive um medo patológico da morte desde que nasci. Um medo que me tirava o sono e com a idade se tornou num fascínio tão grande ao ponto de a desejar. De a conhecer.

Tentou-me muitas vezes.

 

Adoro pescar e um dia, ainda adolescente, em cima da ponte romana sobre o rio Vade tirei uma bela truta.

Eu não pegava no peixe, metia-o dentro do cacifo e cortava a linha, depois ponha um novo anzol.

Um velhote, que provavelmente nunca tinha ido à escola, assistiu e ao ver tamanho absurdo, um pescador que não pega no peixe, disse-me: “Você não tem medo da morte, tem medo da vida, o peixe não está morto, está vivo”!

De facto, o que nos mete mais medo, não é a morte. É a incerteza a ela associada e portanto a vida.

 

Ninguém pode ter tanto medo de uma coisa que só acontece uma vez na vida e em frações de segundo. Temos medo do sofrimento e do sofrimento que pode conduzir à morte. Mais uma vez, temos medo é da vida.

 

Saramago era um ateu confesso. Mas, se esmiuçarmos a sua história de vida ou a sua obra, fica claro que toda a sua vida é uma procura incessante de Deus. E, ninguém procura aquilo em que não acredita.

 

A morte não é difícil nem controlável, a vida sim.

 

Para escrever bem não é preciso saber escrever, basta emprestar à alma uma caneta.

 

Na escrita procurei Deus e preparei a morte mas descobri a vida e a salvação.

 

E quem nos pode salvar, se não Deus!

 

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