Convite a Francisco Araújo sem desmentido público agita PS e PSD de Arcos de Valdevez

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Há cerca de cinco semanas que circula, nas redes sociais e em certa opinião pública e publicada, o rumor de que o ex-edil Francisco Araújo terá sido convidado, por alguém do PS, para encabeçar a lista deste partido à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez em 2017. Sem desmentidos formais por parte da Concelhia do PS, alguns militantes socialistas, como Fernando Cabodeira, reclamam à presidente da Comissão Política do PS um esclarecimento oficial (público e nos órgãos internos).

Contactada pelo Minho Digital, Dora Brandão, que preside à Comissão Política Concelhia do PS, disse, por escrito, “ter tomado conhecimento desse facto [rumor], lembrando que, com a disputa de lugares, “há sempre situações destas” em qualquer processo eleitoral autárquico.

Já Francisco Araújo, à pergunta concreta se houve convite oficial do PS, preferiu contornar a questão. “Não vou responder… Não digo que fui [convidado] nem que não fui… Não vou revelar conversas de teor privado”, atirou o atual presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez.

 

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“Quem convidou Francisco Araújo tem de vir a público dizer a verdade”

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Por seu turno, Fernando Cabodeira, mesmo sem saber se o badalado convite a Francisco Araújo tem algum fundo de verdade, sustenta que este “jogo de espelhos” resulta do atual clima de “inoperância e decadência política que reina no PS de Arcos de Valdevez, onde não há reuniões da Concelhia e do Secretariado, por culpa da sua presidente, Dora Brandão”.

“A senhora ou quem terá convidado Francisco Araújo, isto se realmente existiu o convite, é que tem de vir a público dizer a verdade para esclarecer a questão e acabar com os boatos”, reivindica Cabodeira, defendendo que “um dirigente partidário tem de ter consciência de que está a dirigir uma instituição, e não a família, pelo que não pode convidar A, B ou C sem dar primeiro a conhecer aos militantes nos órgãos concelhios”.

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Em rota de colisão com Dora Brandão, o atual vereador do PS estranha o silêncio a que se tem remetido a presidente da Comissão Política Concelhia, com “consequências nefastas para a imagem do PS de Arcos de Valdevez”.

 “O arrastar do ‘diz-que-diz’ – segundo Fernando Cabodeira – cria uma bola de neve, e a questão que se coloca é esta: é ou não é verdade que alguém do PS, no caso Dora Brandão, que ninguém quer como líder do PS, nem de nada, terá convidado Francisco Araújo, militante ativo do PSD, para ser candidato do PS à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez em 2017?”, pergunta o antigo deputado da República, que lamenta ver, nas redes sociais, o seu nome, também, associado a esta polémica.

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“Em função deste caso, que continua por esclarecer publicamente, há uma série de situações menos boas… Não tenho nada que ver com o convite, porque jamais faria isso, pois também não gostava que alguém do PSD viesse ter comigo para ser candidato, mas, devido à falta de esclarecimentos, a dúvida é alimentada, com alguma malícia, e é isso que paira no ar. Até já dizem ou escrevem que eu estou ‘domesticado’, só por eu ter estado presente na cerimónia de inauguração da Parafarmácia da Santa Casa da Misericórdia”, queixa-se Fernando Cabodeira, que descarta qualquer possibilidade de recandidatura ao Município de Arcos de Valdevez.

De resto, no meio da militância socialista, há quem “solte” teses enigmáticas e contraditórias sobre o convite de que se fala há semanas. “Claro que Francisco Araújo não vai dizer nada, ou, então, dirá que o convite é mentira, mas, se calhar, também tem interesse em que a informação seja divulgada assim para criar pressão, e sabe-se muito bem em quem”, frisa conhecido militante do PS. Mas, em divergência, outro ativo militante socialista, que, também, prefere ficar no anonimato, garante que “a história do convite é uma montagem e não tem fundamento nenhum”.

Já no campo social-democrata, elementos próximos de João Manuel Esteves, como Olegário Gonçalves, apontam o atual presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez como o (re)candidato natural do PSD ao Município, garantindo não haver outro (possível) concorrente nas listas do partido que é poder nos Arcos de Valdevez desde há quarenta anos. Mas esta posição está longe de ser consensual, pois Francisco Araújo, um “animal político” aos olhos de muitos, continua a recolher muitas simpatias e apoios no concelho onde os maiores investimentos foram empreendidos nos mandatos dele. 

Mesmo disfarçando, mais ou menos bem, o incómodo sobre o facto de existirem candidatos a mais para lugares a menos, ventila-se, em vários círculos do PSD, a hipótese de haver, no futuro, algumas dissidências internas, as quais poderão logo corporizar candidaturas independentes, com, eventualmente, o apoio de outras forças políticas.

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Dora Brandão e  Fernando Cabodeira não se entendem

Há um tempo para tudo

Entretanto, Dora Brandão adianta que os candidatos locais do PS às autárquicas serão escolhidos nos órgãos concelhios. “O PS apresentará as suas candidaturas no momento próprio. Qualquer decisão desse teor terá de ser deliberada nos órgãos próprios do Partido e, ainda, não houve deliberações sobre nomes concretos”, sublinha a dirigente.

 

 

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