A Criação da Noite

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António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro *

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Lenda contada por THEOBALDO MIRANDA SANTOS, em seu livro “LENDAS E MITOS DO BRASIL”, da Companhia Editora Nacional.

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GOSTA DESTE CONTEÚDO?

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Imagem colhida na lista de sugestões apresentada pelo Google (internet)

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No princípio, não havia noite. Só existia o dia. A noite estava guardada no fundo das águas. Aconteceu, porém, que a filha da Cobra-Grande se casou e disse ao marido:

— Meu querido, estou com muita vontade de ver a noite.

— Minha mulher, há somente o dia – respondeu ele.

— A noite existe, sim! Meu pai guarda-a no fundo do rio. Mande seus criados buscá-la. Os criados embarcaram numa canoa e partiram em busca da noite. Chegando à casa da Cobra-Grande, transmitiram-lhe o pedido da filha. Receberam então um coco de tucumã com o seguinte aviso:

 – Muito cuidado com esse coco. Se ele abrir, tudo ficará escuro e todas as coisas se perderão. No meio do caminho, os criados ouviram, dentro do coco, um barulho assim: xé-xé-xé… tém… tém… tém… Era o ruído dos sapos e grilos, que cantam de noite. Mas os criados não sabiam disso e, cheios de curiosidade, abriram o coco de tucumã. Nesse momento, tudo escureceu. A moça, em sua casa, disse ao marido:

– Seus criados soltaram a noite. Agora, não teremos mais dia, e todas as coisas se perderão. Então, todas as coisas que estavam na floresta se transformaram em animais e pássaros. E as coisas que estavam espalhadas pelo rio transformaram-se em peixes e patos. O marido da filha da Cobra-Grande ficou espantado. E perguntou à esposa:

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– Que faremos? Precisamos salvar o dia! A moça arrancou, então, um fio dos seus cabelos, dizendo:

– Não tenha receio. Com este fio vou separar o dia da noite. Feche os olhos… Pronto!… Agora, pode abrir os olhos. Repare: a madrugada já vem chegando. Os pássaros cantam, alegres, anunciando o sol.

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Mas quando os criados voltaram, a filha da Cobra-Grande ficou furiosa. E os transformou em macacos, como castigo pela sua infidelidade.

Assim nasceu a noite.

(Theobaldo Miranda Santos. Lendas e mitos do Brasil)

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Numa outra versão colhida na internet, encontramos a mesma fábula assim contada, com algumas outras modificações, mas que, no entanto, nos sugerem a mesma interpretação:

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Antigamente não havia noite. Era sempre dia. O Sol brilhava esquentando a Terra. A Lua e as estrelas eram como o Sol. Tudo era luz e claridade na aldeia e na floresta. Os homens trabalhavam sem cessar e as mulheres trabalhavam sem descanso, pois era sempre dia, noite não havia.

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O Sol fazia seu percurso até o poente para então retornar pelo caminho inverso ao nascente. Mauá controlava o Sol, a Lua e as estrelas, não permitindo que ninguém deles se aproximasse.

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Certa vez, um homem quis saber como o Sol funcionava. Esperou que Mauá saísse para caçar e aproximou-se do Sol. Ao tocá-lo, o Sol quebrou, o mesmo acontecendo com a Lua e as estrelas. E a noite surgiu engolindo tudo. Os homens que caçavam na mata ficaram perdidos na imensidão do escuro. As mulheres mal conseguiam encontrar suas redes dentro da maloca.

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Crianças e idosos lamentavam-se do fundo da noite sem luz. Mauá voltou para consertar o Sol. Ao ver o homem que o havia quebrado, Mauá lançou-se sobre ele e o atirou longe. Quando caiu, o homem transformou-se no macaquinho-mão-de-ouro, escuro como a noite e com as mãos douradas como o Sol que havia tocado.

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Não foi possível consertar o Sol para que funcionasse como antes. O Sol caminhava para o poente, mas não conseguia retornar, sumindo no horizonte e deixando a Terra na escuridão. Mauá então fez com que a Lua e as estrelas surgissem na ausência do Sol para iluminar um pouco a noite.

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E é assim até hoje. Este é o mito da criação da noite dos índios Waimiri-Atroari, que habitam Amazonas e Roraima, na região norte do Brasil. Mauá, para eles, é o ser criador que transforma os homens em animais e cuida dos elementos da natureza: quando está zangado, sopra a ossada da cabeça de uma onça para fazer o trovão.

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É o guardião da vida: ao nascer uma criança, Mauá está sempre por perto. Mauá protege, mas também se vinga. É um guerreiro como o povo Waimiri-Atroari. O macaquinho-mão-de-ouro que aparece no mito é respeitado pelos índios por acreditarem que ele já foi gente e porque, graças a ele, hoje existe a noite. Edith Lacerda, educadora que compartilhou durante quatro anos o cotidiano desse povo atuando como professora, recolheu este mito e escreveu esta adaptação.

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Natural da Freguesia de Geraz do Minho (Minho/Portugal)

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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