Zita Leal
Professora
(aposentada)
Hitleres, Estalines, Genghis, Maos e outros que tais aterrorizaram nações inteiras com genocídios hediondos, massacres de povos só porque pertenciam a etnias diferentes, ou só porque sim, ou só porque não. O planeta sempre foi palco destes atentados à vida e vai continuar a ser enquanto o homem tiver a ambição do Poder que o Saber, o Dinheiro e a Vaidade lhe oferecem. São presentes envenenados que um dia espero que recuse.
Paralelamente a estes canibais de homens, mulheres e crianças surgiam aquelas pessoas que faziam o impossível para salvar a maior parte desses mártires ficando felizes se o conseguissem. As migrações para fugir à guerra, à fome, à opressão não nasceram agora. Egeus, Mediterrâneos, Gibraltares, fronteiras a salto sempre existiram.
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Actual é a tentativa que heróis desconhecidos, anjos sem asas inventam para ajudar os que tentam sobreviver. O agradecimento vem em sorrisos negros, em olhos rasos de água, em palavras estrangeiras, nos braços estendidos para a borda do cais. É reconfortante saber que há pessoas solidárias. Mas há agora algo que tenta impedir esse estender de braços. É actual, mas hediondo. Chama-se indiferença. Ajuda humanitária a migrantes? Porquê? Fiquem na sua terra que é lá o seu lugar… Permissão para acostagens ilegais? Porquê? Quem os mandou virem passear de barco?
Solução para o problema? Deixar os barcos à deriva sem água, sem pão, sem esperança. Se calhar a cor verde da esperança está mesmo ali à mão de semear… Melhor dizendo à mão de afogar.
E que portugueses como nós apoiem estas condenações à morte é inaceitável. E que portugueses como nós reajam com indiferença a esta condenação à morte diz muito mal da natureza humana.
“ Quero desnascer, mãe ! “ gritou um dia o Zé Mário Branco.
Vou gritar com ele.