Zita Leal
Professora
(Aposentada)
Fez no dia 11 quarenta anos!
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Dia de São Martinho que vendo alguém a seu lado tiritando de frio lhe ofereceu agasalho. Ainda bem que partilhou calor, ainda bem que partilhou aconchego!
Fui dar os parabéns à minha antiga escola e o dia estava chuvoso e frio.
Faria um jeitão andar por lá um Martinho mas esse já está para lá de Bagdad que é como quem diz para lá do Solposto. E não é que me enganei?
Uma atmosfera quentinha com cheirinho a criança pairava no ar e rapidamente percebi de onde vinha. Era de uma fonte de energia renovável, sem orçamentos proibitivos e que com risos límpidos, com palmas livres de orquestração politicamente correcta, com olhares coloridos nos nossos olhares cinzentos nos dava as boas vindas. Em nenhum aluno vi agressividade, violência, gestos intimidativos.
Os professores esquecidos por umas horas do terrorismo de papel a que uma burocracia obsoleta os obriga, conviviam com os alunos amigavelmente. Os funcionários agora chamados de assistentes operacionais, lidavam com as crianças com o carinho de antigamente de quando eram chamados de “ setina “ em modo “ amigo mais velho “. A minha Escola continuava acolhedora a despertar sentimentos de saudade, de abraços só porque sim, de amparos nas horas amargas.
Parabéns à Escola que apesar dos pesares e nestes estão incluídos o alheamento sistemático com que o governo a olha, os olhares de esguelha da opinião pública, o desencanto dos trabalhadores escolares, o envelhecimento das construções, parabéns à Escola que quer continuar a ser a segunda casa da nossa vida.
Acabo grata aos alunos que cantaram:
“ Um pouco mais de céu e eu era estrela
Um pouco mais de sol e eu era flor
A vida sem razão é uma quimera
Não há razão para a vida sem amor…”
Ainda bem que acabei a minha actividade escolar no seio da minha segunda casa.
