Editorial

Crónicas de Trazer por Casa: Esta estranha vontade de matar!
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Zita Leal

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Zita Leal

Professora

(Aposentada)

Nunca por nunca ser ( já não se usa esta expressão, eu sei ) admiti a pena de morte. Matei uma vez um frango a mando de uma tia que achava inadmissível uma dona de casa não saber fazê-lo e tanto chorei com a faca na mão direita e o pescoço do galináceo apertadinho na mão esquerda que o bichinho custou a morrer.

Dizia a minha tia que era o resultado de eu estar com aquelas fitas de lágrimas de crocodilo. Foi o primeiro e o último animal a morrer às minhas mãos. Perdão aos mosquitos nocturnos e às moscas das tardes ensolaradas…

Depois vêm as notícias de crianças violadas e eu a sentir vontade de matar… depois são os civis a morrer vítimas inocentes de bombas artesanais ou tecnologicamente sofisticadas ( que o matador tem técnicas de fino recorte ) e eu com vontade de matar… mais adiante morrem mulheres às mãos de maridos, namorados, amantes e eu com vontade de matar… As mulheres, entretanto, começaram a fazer o mesmo e eu… com vontade de matar… Acho que afinal me transformei numa assassina em potência, mas como outras notícias vêm a lume fico-me só pela vontade e passa-me a fúria.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Hoje NÃO! Enviaram-me um pequeno vídeo com um desgraçado espécime humano a maltratar dois garotos pendurados de cabeça para baixo num muro esburacado próprio de tempos nazis ou quejandos e eu… com pena de não o ter por perto sem me ficar pela vontade e matar mesmo!

Uns dias antes uma infeliz deita um filho no lixo condenando-o à morte quando poderia tê-lo posto num lugar visível para que alguém lhe pegasse rapidamente e esta estranha vontade de matar me cerra o coração à piedade.

Duvido nesta altura se continuo a dizer não à pena de mote.  A mesma dúvida que em adolescente tive ao dar-me conta que um pai criador tinha enviado o filho ao mundo para ser crucificado.

Ah, esta estranha vontade de matar…

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