Zita Leal
Professora
(Aposentada)
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A gente pensa que sim, mas se calhar são como o pai natal. Perdão, o Pai Natal surpreendeu-nos nas manhãs de Dezembro, com bonequinhos, chocolates e afins dentro do sapatinho e só tardiamente confirmámos que era uma ilusão de criança.
Mas o segredo não! Ao longo da existência de cada um de nós ele tinha honras de bom carácter, e mais. “o segredo é a alma do negócio “ na cabeça de quem fazia contas. E era verdade. Mas isso era quando se faziam contas pelos dedos ou de lápis atrás da orelha.
A sociedade passou a usar calculadora, os dedos revestiram-se de oiro e diamantes e o enriquecimento passou a ser a grande meta de quem sabe viver. Palavra de honra, ética, o bem do Outro deixaram de fazer parte de um ideal de vida.
Claro que acima de todo o descalabro, estava o sistema judicial. A ”malta“ confiava nos senhores de toga, na isenção da justiça e a frase “a malta vende-se“ era impensável na confiança que depositávamos em quem julgava e defendia o povo. O segredo de justiça estava fechadinho no cofre forte da honradez e imparcialidade, apanágio de quem aprendeu a julgar.
De repente e sem darmos conta, o segredo foge do cofre e molesta a sociedade. Quem falou, quem abriu a boca, quem arranjou alibis convenientes que ilibam de responsabilidades quem prevaricou, quem mancha as folhas dos processos… Quem empurra o segredo de justiça para a comunicação social? E quem castiga os intocáveis?
Talvez aquele ditado antigo com que a minha mãe me atazanava os ouvidos quando me via aos segredinhos com alguma amiga, explique a minha dúvida: “Minha filha, a tua vida não a contes a ninguém que uma amiga tem amigas e outra amiga amigas tem… “
Os nossos mandantes têm muitos amigos, pela certa!