Zita Leal
Professora
(Aposentada)
GOSTA DESTE CONTEÚDO?
- Não se esqueça de subscrever a nossa newsletter!
Não aprendi a fazer pão, nem broa, nem fogaças, nem nada que exija artes de amassar.
Mas gostava. Em cachopa, quando a Maria de Lurdes Modesto andava pela televisão a ensinar a cozinhar, ainda experimentei fazer pãezinhos de leite mas… banca suja por tudo quanto era banca, mãos peganhentas sem rolo de cozinha para ajudar, e uma vontade louca de atirar o resto da massa à parede… Desisti.
“ Não soubeste usar o fermento: a guitarra quer-se na mão do tocador…” palavras de mãe a tentar desculpar a falta de jeito da filha. Nunca aprendi a tocar guitarra.
Nos dias de hoje, as televisões são muitas, os ensinamentos visam outras necessidades e a malta aprende no facebook a construir máscaras, viseiras com materiais que nem imaginámos alguma vez utilizar, organizam-se grupos cívicos de vizinhos e não vizinhos que fazem refeições para quem não pode fazer porque o vírus a tratar lhe tira o tempo nos hospitais, ou a despensa na cozinha se esgotou, ou para quem está isolado por velhice ou previdência, enfim… o povo está solidário.
Paralelamente e porque a comunicação social nos alerta, surgem pessoas de alguns lados do planeta a querer fazer parecer que o que está a acontecer não é assim tão trágico, que estas infecções não passam de resfriadozinhos, que se está a fazer uma tempestade num copo de água, que há temores exagerados ( lembram-se do que se dizia antes dos publicitários?) Esta gente será assim, por natureza?
E voltando à mistura de farinha, água e fermento que na minha mão não resulta porque não tenho jeito par fazer pão, sou forçada a fazer ilações : se as pessoas todas são feitas da mesma “ massa “ que pais e mães amassaram com ternura, porque é que uns saíram seres bons e outros seres menos bons para não dizer maus?
Será mesmo do fermento?