Zita Leal
Professora
(Aposentada)
Aquelas primeiras horas foram de grande confusão. Ninguém sabia esclarecer nada do que se ouvia na rádio, vizinhos e merceeiro da frente também nada sabiam de concreto. Só na escola percebemos que o tempo, o ambiente, estavam diferentes. Um Abril novo.
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E veio um serviço nacional de saúde, e veio o direito à reforma, a férias, a libertação de presos políticos, o retorno dos exilados do livre pensamento, o travão da morte dos nossos soldados, o direito à liberdade de expressão, a alegria de se pertencer a um País livre da ditadura. E o povo cantou de alma lavada a conquista da Liberdade. Abril num país novo!
Depois os Abris começaram a perder os cravos, a canção da Liberdade já tem pouco de sol maior e hoje já muitos de nós sofremos um certo grau de desencanto. E perguntamo-nos algumas vezes: o que está a esmorecer? Para onde vai fugindo a alegria de viver?
Eu mesma que passei os melhores anos da minha vida seguindo a rota daquela gaivota que voava, voava, não sei muitas vezes onde é que fica essa rota.
Mesmo assim afirmo que valeu a pena e que continua a valer a pena. Os pais criam os filhos nos caminhos do bom e do bem e algumas vezes os jovens trocam-lhes as voltas, mas… o amor de pai não esmorece. Abril é o nosso filho e nem sempre se porta como nós o encaminhámos, mas é NOSSO.
O meu voto maior é que nunca mais seja preciso um novo Abril na nossa Pátria.
Viva o 25 de Abril sempre e para sempre.