Editorial

CRÓNICAS DE TRAZER POR CASA: CUIDADO COM AS ILAÇÕES DE TRAZER POR CASA…
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Zita Leal

Zita Leal

Professora

(Aposentada)

Tal como as crónicas de trazer por casa é necessário acautelarmo-nos com elas. Podem induzir-nos em erro. O avançar na idade traz-nos lembranças inesperadas tristonhas umas, alegres outras.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Ontem ouvindo as novidades em torno do orçamento para 2021, veio-me à ideia uma saia de fioco (sem categoria de fazenda fina) e que por orçamento à míngua, a minha mãe que sabia costurar, transformava em pregas, machos, évasée e eu vesti durante o terceiro ano de liceu.

No quarto ano e porque o fioco não se rompia facilmente, os modelitos eram os mesmos. No quinto ano a coisa complicou-se porque os meus quinze anos me alargaram a anca e a saia passou a travada com uma rachinha atrás. Infeliz eu? Não. Conformada com os poucos dinheiros com que a economia doméstica se aguentava na espera de melhores dias. Ao ouvir o nosso primeiro apresentar a proposta de orçamento, pareceu-me ouvir a minha mãe a tentar convencer-me que a saia de fioco cinzento ainda tinha um aspecto aceitável…

Quando ele apresentou as vantagens que as modificações no IRS trariam ao bolso de alguns de nós tentei entendê-las sem preconceito de maior e não consegui. Só me vinham à memória aqueles jogos de feira em que a bola vermelhinha fazia negaças á habilidade manual dos incautos apostadores e quem ganhava sempre era o trapaceiro. Também me recordei daquele jeitinho especial que o meu tio João tinha de baralhar, partir e dar por baixo e o trunfo ir sempre para ele. “Vira o disco e toca a mesma“ também fez a sua entrada no portal da memória…

Por favor, levem em conta que as minhas ilações são mesmo senis. Não liguem.

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