Editorial

CRÓNICAS DE TRAZER POR CASA: E QUANDO O AMOR ATÉ DÓI?
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Zita Leal

Zita Leal

Professora

(Aposentada)

Há uma idade para tudo, na verdade e esse tudo às vezes é nada.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

No dia de hoje em que o amor é tudo, dei por mim a filosofar daquele jeito tabernal a que me acostumei. Será que é mesmo amor o que me une ao companheiro de vida?

Os olhos ramelados ao acordar, as peles e banhas a ondular nas ossadas a pedir próteses, os cabelos sem cabeleireira há dois ou três meses e que o meu homem diz que assim é que é: caracóis à farta, rebeldes, a condizer com a dona, por cima amarelos, por baixo aquela risca branca que as mulheres da minha idade detestam, não abonam a favor da minha pergunta. Não pode ser amor… Mas…

Hoje, porque a manhã está quentinha, vesti uma camisa azul céu que tem à vontade trinta anos. Raramente a visto porque tem umas abas de “ grilo “ até ao joelho e empeça-me os movimentos de dona de casa. O meu homem que já estava à mesa, olha-me e diz: “estás muito linda!” Eu só não estava ramelada porque já me tinha lavado mas as guedelhas ásperas, as pelancas continuavam. Nem sei se me apetecia rir ou chorar. “ Qualquer trapinho te fica bem! “ Piorou.

Bebo o café com leite e o comprimido que ia tomar cai-me da mão para debaixo da mesa. Ele sai da cadeira, põe um joelho em terra, estica-se um pouco e agarra o comprimido. Não se levanta logo. Os ossos  não deixam. E geme ai, ai, ai. Eu quero ajudar mas não vejo como. E de repente veio-me à ideia aquela frase melosa que tantas vezes ouvi e disse. “ Gosto tanto de ti, que até dói “!

Agora acredito que S. Valentim existe, protege e me garante por a+b que o meu homem me ama

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