Editorial

CRÓNICAS DE TRAZER POR CASA: UM ESTRANHO COM UMA CONVERSA AINDA MAIS ESTRANHA…
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Zita Leal

Era aquela chuva miudinha de molha tolos. Deveria ter vestido um impermeável que agora mudou de nome e passou a chamar-se Kispo mas não o fiz.

Se a minha mãe fosse viva ralhava “ Tens a mania de andar em corpinho bem feito e depois constipas-te…“ Bem, o corpinho bem feito já era… Entrei no primeiro café da avenida só para fugir à chuva. Enquanto esperava pelo galão olhei o écran da televisão.

São raríssimas as palavras que nos acalmam; raríssimas as imagens que não nos inquietam, raríssimas as notícias que nos dão vontade de olhar esta Terra com Esperança, raríssimas as posturas de políticos do mundo que nos deem a certeza de termos escolhido bem quem nos governa.

Saio cansada das notícias. No passeio, fitando-me, um estranho. Penso reconhecer a expressão daquele rosto mas não sei onde e quando a vi.

Há imensos anos conheci alguém com um nome ultrapassado na minha existência, suponho que era Fé e que nem sei porquê associei à expressão do desconhecido que me abordou mas nunca mais me encontrei com ela.

– Desiludida? Vi as rugas de tristeza que se acentuaram quando olhavas o écran.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

– Sim, não é possível aceitar que a vida trate tão mal tanta gente.

– Já senti isso mesmo e uma vez até me senti abandonado pelo meu próprio Pai… Mas superei a revolta …

– Como?

 – Amando. Todos os anos volto ao lugar que me maltratou para que sintam o meu perdão, o meu amor. Renasço aqui com a intenção de serenar os inquietos como tu, indicando-lhes um caminho difícil mas o único que resta: a ESPERANÇA!

Desapareceu de repente e eu suspeitei do galão que tinha ingerido. Seria. só café e leite?

Atenção ao que bebem em dias chuvosos. Tudo menos um galão. Pode provocar alucinações…

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