Zita Leal
Professora
(Aposentada)
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Mais uma semana à espera de Godot mas a corrupção parece que gosta de cá estar neste país plantado à beira-mar e nós continuamos à espera.
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O mesmo se passa com o bicho mau que inventa variantes só para ficar mais uns tempos; nem o sol lhe faz mossa como seria de esperar. O vento frio protege-o e mesmo as vacinas não o afastam depressa para nosso sossego. E Godot não vem… Aquela historieta que a minha mãe contava para eu deixar que me tirasse as riças dos caracóis à Marquês de Pombal, aquela em que no baptizado da Bela adormecida, surgia uma fada terrível a lançar maldições à princesinha, acalmava-me os puxões no cabelo e eu acreditava que o final seria feliz para a bela adormecida e castigador para a fada má que nem sequer tinha sido convidada. Quão inocente e crédula eu era nessa altura! Mas Godot fazia-se rogado e não vinha…
Hoje, sem inocência mas ainda um pouco crédula na honestidade dos homens, consumo os últimos tempos à espera qua a Justiça seja cega e ela não é, que a integridade se sobreponha à ganância, mas o vil metal corrompe e os ladrões gabam-se de serem intocáveis e agem como tal. Estou farta de correr atrás do desencanto. Estou cansada de esperar por Godot. Ele não veio nem virá jamais.
É urgente um Poeta que invente outro nome para a Esperança.
