Editorial

D. LILICA E D. SULADA
Picture of Nadir Faria

Nadir Faria

Nadir Faria

Cooperante

Se sairmos da cidade da Praia em direção a Porto Mosquito, passamos por Cidade Velha – classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, e, poucos quilómetros depois, pela pequena comunidade piscatória de Gouveia.

Gouveia é desconhecida de quase todos mas, se formos procurar na história, verificaremos que anteriormente já abrigou um importante porto fluvial. Da estrada, no chamado Alto de Gouveia, do nosso lado esquerdo, vislumbramos a baía – convidativa a um mergulho.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Se quisermos fazer uma paragem, no nosso lado direito, iremos encontrar a D. Lilica e a D. Sulada, anfitriãs da Kaza Panu di Tera (casa do pano de terra).

A D. Lilica é uma senhora robusta e simpática que, artesanalmente, produz pão, bolos e outras pequenas iguarias. Mas quem nos irá convidar a entrar será a D. Sulada. A D. Sulada é uma boneca, igualmente robusta, que veste de acordo com o traje tradicional de Cabo Verde (uma saia de pano escuro, uma camisa, uma algibeira e um panu di tera atados na anca), e que foi criada por um grupo de mulheres que constituem a cooperativa com o mesmo nome.

A Cooperativa Sulada foi constituída em 2013, como alternativa à apanha da areia praticada pelas mulheres – atividade ainda muito comum, no país, em comunidades onde não há outras fontes de rendimento. As mulheres que pertencem à cooperativa produzem vários artigos artesanais com base em materiais naturais disponíveis na zona, como o sisal e o aloé, mas também produzem o tradicional panu di tera. O panu di tera representa a panaria de Cabo Verde e é produzido com algodão em bandas de cerca de 15 centímetros de largura, com padrões geométricos geralmente de duas cores – inicialmente azul e branco.

A Kaza Panu di Tera foi recentemente inaugurada e pretende ser uma espécie de montra do trabalho da Cooperativa. Lá podemos encontrar os produtos da Cooperativa, comprá-los, além de bebermos uma bebida fresca e petiscar algo feito pela D. Lilica. A D. Lilica, com toda a sua genica serve-nos numa mesa com vista para a baía. Se tivermos sorte, alguma sorte, poderemos observar algum cetáceo que queira dar o ar da sua graça por ali. Isto porque, Cabo Verde abriga 24 espécies de baleias e golfinhos que usam as suas águas para se alimentarem, migrarem, reproduzirem e socializarem.

No final, antes de nos despedirmos, e seguirmos viagem para outras surpresas, a D. Sulada convida-nos a uma fotografia com ela.

 D. Sulada

 

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas